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Banco Central não deve mexer na taxa de juros

20 ago 2010 às 18:59

Os juros futuros esticaram a trajetória de queda nesta sexta-feira, estimulada pela surpreendente deflação do IPCA-15 de agosto, pela manutenção do fluxo doador dos investidores estrangeiros e pela avaliação de que a fraqueza das principais economias do globo devem retardar a recuperação da economia global. A desaceleração do recuo à tarde, sobretudo nos longos, refletiu uma tentativa de correção técnica do mercado, mas que não chegou a inverter o sinal de baixa dos principais contratos.

Ao término da negociação normal da BM&F, o DI outubro de 2010 (207.365 contratos) estava em 10,657%, de 10,67% no ajuste de ontem; o DI janeiro de 2011 (169.435 contratos) cedia a 10,68% (mínima), de 10,70% no ajuste anterior; o DI janeiro de 2012 (419.935 contratos) caía de 11,22% para 11,17%; e o DI janeiro de 2013 (93.815 contratos), estável, projetava 11,33%; e o DI janeiro de 2014(27.590 contratos), estava praticamente no ajuste de ontem, a 11,34%, de 11,33% na véspera.


A queda de 0,05% do IPCA-15 de agosto despertou movimento firme de recuo nas taxas logo cedo, tendo vindo abaixo do piso das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções (-0,03%). Entre os destaques está o recuo de 0,68% nos preços dos alimentos, o que resultou em uma contribuição negativa de 0,15 ponto porcentual para a taxa. Além disso, as medidas de núcleo também ficaram aquém do estimado, assim como os preços administrados. Os números só fizeram aumentar a percepção de que o Copom deve manter a Selic em 10,75% na reunião dos dias 31 de agosto e 1º de setembro e reduziram as chances de a autoridade monetária ter de retomar o processo de contração monetária em 2011. "Na minha visão, não tem erro. Haverá claramente uma manutenção dos juros na próxima reunião do Copom", afirma o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto.


"Ele (o BC) deve estar mais calmo, mais tranquilo com esse resultado", declarou o ministro da Fazenda Guido Mantega, sobre o IPCA-15. Para ele, esse foi um resultado bom, mostra que a inflação está sob controle e que deve terminar este ano próxima do centro da meta estabelecida pelo CMN.

Em meio ao persistente fluxo doador dos investidores estrangeiros, o comportamento de alívio das taxas reflete ainda o pessimismo que predomina nos ativos externos. Mesmo sem divulgação de indicadores nos EUA que pudessem pressionar os negócios, a aversão ao risco pressiona para baixo as ações e os investidores buscam proteção no dólar e nos títulos do Tesouro norte-americano, que operam com preços em baixa e juros em alta.


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