Os municípios da região de Londrina continuam a sofrer com o fechamento de postos de trabalho em agosto, enquanto começam a aparecer os primeiros sinais de reação na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado na última sexta-feira (23) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A justificativa é que o ajuste no mercado foi feito mais rapidamente na Capital, que possui um setor industrial mais forte e diversificado, bem como a recuperação pelo potencial de exportação. Para o restante do Paraná, porém, analistas apontam que há expectativa de que a abertura de vagas passe a ocorrer até o fim do ano.
Londrina fechou 206 postos de trabalho em agosto, puxados pelo maior número de demissões no comércio (-142), na indústria (-88) e em serviços (-29), conforme dados com ajustes do Caged. Somente a construção civil contratou na cidade, com saldo de contratações de 69. Outras cidades da região Norte, como Ibiporã (-102), Rolândia (-77), Cambé (-64) e Arapongas (-43) também registraram resultados negativos em agosto.
Por outro lado, Curitiba, que tem a maior população do Estado, teve abertura de 877 postos de trabalho no mês. Outras cidades da RMC, como Araucária (726) e Campo Largo (118), que também têm força industrial, tiveram alta.
Saindo da crise
É fato, entretanto, que a abertura de empregos em fábricas ainda é tímida. Curitiba criou 43 trabalhadores a mais do que demitiu no setor no mês, pouco mais do que os 38 de Araucária, conforme os dados com ajustes do Caged. No entanto, analistas afirmam que agosto apresenta lenta recuperação nos dados de produção e de vendas no Paraná. "No fim do ano já teremos meses com saldo positivo (ante os anteriores), porque a avaliação é de que o fundo do poço da recessão da economia nacional foi atingida no primeiro semestre, até junho", diz o economista e consultor em mercado de trabalho Cid Cordeiro, de Curitiba.
O diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Julio Suzuki Junior, lembra que o Estado teve o primeiro resultado positivo depois de seis meses de fechamento de vagas, com abertura de 533 em agosto. "O processo de recuperação da crise começou e o resultado é satisfatório no conjunto do Estado. Essa irregularidade entre regiões é comum", diz. Ele afirma que, tradicionalmente, o agronegócio tem um segundo semestre mais fraco do que o primeiro, o que ajuda a explicar o motivo para que certas regiões do Interior tenham resultados piores.
Cordeiro considera que, relativamente ante o total de pessoas empregadas em cada setor, as mudanças são pequenas, mas relevantes pela mudança de direção. "Tivemos uma variação positiva de vagas em Curitiba de 0,13% em agosto, sendo os destaques serviços, comércio e indústria, enquanto Londrina teve uma queda de 0,32%, com peso maior do comércio", diz. No total do Estado, a abertura de vagas é de 0,02%. Para ele, o dado indica que o ajuste de emprego nas grandes indústrias do Estado já ocorreu. "Também temos uma recuperação maior devido às exportações, já que a RMC tem um parque industrial mais diversificado e com alguma recuperação até em uma marca da indústria automotiva", completa.
Para o presidente do Ipardes, os setores de comércio e serviços ganham um fôlego maior com a aproximação do fim do ano. "É um sinal de que o poder aquisitivo das famílias de Curitiba parou de cair e que teremos nos próximos meses um saldo positivo", cita.
No balanço de janeiro a agosto, Curitiba perdeu 12,9 mil vagas e Londrina fechou 1,4 mil, conforme o Caged. Em todo o Estado, o número de postos de trabalho encolheu em 21,8 mil e, no País, recuou 651,2 mil.