O saída de Roger Agnelli da presidência da Vale foi fechada na última sexta-feira, 25, e o governo trabalha com o nome de um dos atuais diretores da empresa para assumir o cargo. "Tudo caminha para uma solução interna. O nome não está 100% certo, mas está bem encaminhado", informou uma fonte do governo.
A atual diretoria é formada por mais sete executivos, além de Agnelli. A fonte, no entanto, preferiu não revelar o nome, mas deixou claro que a única mulher, a diretora de Recursos Humanos e Serviços Corporativos, Carla Grasso, não é a escolhida. "É um homem", disse.
Os diretores de Marketing, Vendas e Estratégia, José Carlos Martins, e de Operações de Metais Básicos, Tito Botelho, são os mais antigos na empresa. A fonte acredita que a saída de Agnelli também deve provocar uma renovação na diretoria executiva, que pode ser composta por no mínimo seis e no máximo nove membros.
O Conselho de Administração elege os diretores executivos por um período de dois anos. A União participa do Conselho por intermédio da BNDESpar, da qual detém 62% das ações. Também atua por meio do Banco do Brasil, que é o principal acionista da Previ (fundo de pensão dos servidores do BB), que também tem assento no Conselho. Como o acordo de acionistas prevê a necessidade de 75% dos votos para eleger ou destituir o presidente, o governo negociou com o Bradesco, outro importante representante no Conselho de Administração, para fazer a renovação na diretoria da empresa.
Depois de várias tentativas para se manter no cargo e resistir à pressão da União sobre os demais acionistas, Agnelli jogou a toalha. Para a fonte do governo, o presidente da mineradora tomou um caminho insustentável ao tentar se segurar no cargo. "Ele transformou a renovação na Vale em uma disputa política. É só a troca de um executivo", sustentou.
A União considera legítima a sua participação na escolha do novo dirigente da mineradora. As críticas sobre a intervenção na empresa irritou integrantes do governo. "O governo tem ações da empresa por meio do BNDESpar. Ele tem direito de dar palpite", defende a fonte.
O governo reconhece a competência de Agnelli, à frente da Vale há dez anos, mas acredita que ele não está mais afinado com os interesses do País. A presidente Dilma Rousseff quer que a mineradora invista na produção e exportação de aço, que agregará valor à balança comercial do Brasil. Como os investimentos nos primeiros anos teriam que ser elevados, o lucro da empresa deve cair.
O argumento do governo, já apresentado a outros acionistas como o Bradesco, é que estes investimentos serão recuperados ao longo dos próximos dez anos, quando a empresa estiver engordando suas receitas com a exportação de aço. Hoje o minério de ferro, matéria-prima para a produção do aço, domina a pauta de exportação da Vale.
Nos últimos dias, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi o encarregado por comandar a troca de direção na Vale. Ele esteve reunido com o presidente do Bradesco, Lázaro Brandão. Também está acertado que o secretário executivo do ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, passará a integrar o Conselho de Administração da Vale como representante da Previ.