Crise
A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) assinou acordo de cooperação técnica (ACT) com a Prefeitura de Londrina em que se compromete a instalar o sistema de pouso por instrumento (ILS) no Aeroporto José Richa até janeiro de 2019 e ampliar a pista e executar a infraestrutura necessária até janeiro de 2020. O extrato do acordo foi publicado no Diário Oficial do Município de Londrina de anteontem. O aparelho é da categoria 1, similar ao que foi instalado em Joinville, onde a expectativa de redução de fechamento do aeroporto por causa do mau tempo é de 60%, segundo consta no site da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República (veja infográfico).
A instalação do ILS é tida como essencial para reduzir os fechamentos do aeroporto para pousos. A instalação é pleiteada desde meados dos anos 1990, quando o então prefeito Luiz Eduardo Cheida se comprometeu a desapropriar áreas no entorno para ampliação da pista. Desde então, entretanto, pouco se avançou na contrapartida local – parte dos recursos necessários, R$ 11 milhões, foram liberados pelo governo estadual durante a primeira gestão do governador Beto Richa (PSDB) e o restante foi liberado pelo município na gestão Alexandre Kireeff (PSD).
Pelo ACT, a prefeitura se compromete a finalizar as desapropriações até dezembro deste ano, e a Infraero, a iniciar as obras de infraestrutura a partir de janeiro de 2017. De acordo com Kireeff, o ILS não foi instalado pela Infraero devido à indefinição do futuro da ampliação. "As desapropriações marcam o futuro da configuração da pista de pouso e decolagem e da pista de táxi", disse o prefeito à FOLHA.
De acordo com Kireeff, apesar de o ILS não garantir o funcionamento em tempo integral do aeroporto, certamente reduziria os fechamentos para pousos. Ele afirmou que tanto o equipamento já está comprado como os recursos para as obras, cerca de R$ 200 milhões, estão reservados.
Competitividade
A ampliação da pista deve triplicar a capacidade de embarque e desembarque do terminal de Londrina, por onde passam cerca de 1,2 milhão de passageiros anualmente. Além disso, para o prefeito, Londrina ganha em competitividade ao poder trazer empresas que dependam da solução logística para o deslocamento de seus executivos.
O especialista em infraestrutura da Federação das indústrias do Estado do Paraná (Fiep), João Arthur Mohr, concorda com esta visão. Para ele, a instalação do equipamento vai reduzir os fechamentos corriqueiros do aeroporto, o que terá impacto direto na economia de todo o Estado. "Quando uma multinacional pensa em se instalar na região norte do Paraná, tem uma planilha de avaliação com mais de 80 itens e um desses é a chegada dos empresários. Não podemos ficar a mercê de uma chuva que fecha o aeroporto", afirmou.
O diretor comercial da Sociedade Rural do Paraná (SRP), Nivaldo Benvenho, recordou que o ILS e a infraestrutura já deveriam estar prontos, mas que gestões estadual e municipal passadas não deram o encaminhamento conforme a necessidade. Com a contrapartida da prefeitura pronta – as desapropriações -, as forças políticas regionais podem se unir para cobrar do governo federal o cumprimento de suas partes.
O presidente do Londrina Convention Bureau, Arnaldo Falanca, avaliou que a instalação do ILS vai facilitar a captação de eventos para o município. "Hoje, com nuvens a 700 metros de altitude, fecha-se para pousos. Com navegação por instrumentos, é possível pousar e decolar com nuvens a 200 metros", disse.
Ainda de acordo com ele, a localização do aeródromo é um dos grandes trunfos ao "vender" a cidade como sede de eventos, mas a instabilidade para chegadas de convidados e palestrantes pode encarecer os custos de realização.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Cláudio Tedeschi, considerou o prazo firmado entre Infraero e prefeitura adequado para as obras, mas teme que os cortes orçamentários em todas as áreas do governo federal prejudiquem os investimentos em Londrina. "De qualquer maneira, as entidades estão mobilizadas no sentido de que isso [ampliação] aconteça", afirmou.