O Carrefour obteve um crescimento acima da média do setor supermercadista em 2015 e ampliou sua vantagem sobre o Grupo Pão de Açúcar (GPA) no negócio de varejo de alimentos, que inclui supermercados, hipermercados e o chamado "atacarejo". De acordo com dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o Carrefour registrou uma receita bruta de R$ 42,7 bilhões no Brasil em 2015, um crescimento nominal de 12,6% ante 2014, acima da média de 7,1% de crescimento do varejo de supermercados como um todo.
Com esse crescimento, o Carrefour ampliou sua vantagem na liderança do ranking do varejo alimentar. Considerando apenas suas operações comparáveis, de supermercados, hipermercados e atacarejo, o GPA fica como o segundo colocado, com faturamento de R$ 40,2 bilhões em 2015. No ano passado o varejo alimentar do GPA cresceu 6,9% em receita bruta. O Grupo Pão de Açúcar conta, porém, com uma outra operação, a de varejo de eletroeletrônicos, com as marcas Casas Bahia e Pontofrio. Se esse negócio for acrescentado, o GPA segue na liderança como o maior grupo varejista, com R$ 76,9 bilhões de receita bruta no ano passado.
Considerando apenas o varejo alimentar, a distância entre o Carrefour e o GPA se ampliou nos últimos quatro anos. Em 2012, o Carrefour liderava com uma diferença de menos de R$ 500 milhões. Em 2013, o GPA passou a liderar em alimentos, mas foi ultrapassado de novo em 2014, quando a diferença entre os dois grupos era de menos de R$ 300 milhões em faturamento. Em 2015, essa diferença passou a ser de quase R$ 2,5 bilhão
Os números da Abras indicam ainda que o Carrefour obteve um ganho de participação de mercado. O grupo passou a responder por 13,5% do total do faturamento do setor medido pela Abras, aumento de 0,66 ponto porcentual.
Entre os grupos que perderam market share no ano passado aparecem o Walmart e o Cencosud. O Walmart fechou 2015 com uma receita bruta de R$ 29,3 bilhões, recuo de 1,1% ante 2014 e uma queda de 0,76 ponto em participação de mercado. Já o faturamento do Cencosud no Brasil caiu 5,39% no ano, para R$ 9,3 bilhões, com uma perda de 0,39 ponto porcentual de market share.
Uma explicação possível para o melhor desempenho do Carrefour no ano está na maior exposição da companhia ao atacarejo, segmento no qual o grupo atua por meio da bandeira Atacadão. "O que tem puxado as vendas em termos de volume é o atacarejo", comentou o presidente do conselho consultivo da Abras, Sussumu Honda.
Dados da Nielsen mostram que o varejo de autosserviço (como são chamados modelos como supermercados, hipermercados e até mercearias) teve uma queda histórica nas vendas em 2015. Depois de anos de crescimento, o volume de unidades vendidas recuou 1,2%, patamar só comparável a um recuo de 1,1% em 2003. O mesmo não ocorreu, porém, no atacarejo, que registrou alta de 12,1% nas vendas em volume no ano passado.
A migração para o atacarejo acontece em meio ao esforço das famílias para reduzir gastos. "O consumidor não procura mais modelos de loja que oferecem serviços, mas sim um modelo de baixo custo", comenta Honda.
As expectativas para este ano no setor seguem desafiadoras. A Abras projeta uma queda real de 1,8% no faturamento do setor em 2016 mesmo depois de, em 2015, o setor já ter registrado a primeira retração real desde 2002. No ano passado, a queda em termos reais, descontada a inflação, foi de 1,9%.