A Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) lançou na manhã desta segunda-feira (29) a terceira edição do caderno "Vozes da Nova Classe Média". O estudo é uma abordagem sobre a contribuição dos empreendedores para a expansão da classe média brasileira entre 2001 e 2011. De acordo com os números apresentados, 95% dos empregos gerados pelas pequenas empresas brasileiras são formais. "Ou seja, os pequenos empreendimentos contribuíram com a classe média brasileira gerando trabalho e renda formal", disse o secretário de Ações Estratégicas da SAE, Ricardo Paes de Barros.
O número gerado nesse período é de 37 milhões de pontos de trabalhos somando-se os empregados e empregadores dos pequenos empreendimentos. De acordo com o estudo, apresentado por Paes de Barros, o montante de empregos gerados por esses empresários é igual ao que a Alemanha gera de empregos e maior do que o de países como o Reino Unido, França, Coreia Itália e Turquia.
O caderno também mostra que atualmente 55% dos pequenos empresários e seus funcionários são da classe média, frente a 40% há dez anos. "Hoje temos mais empreendedores e empregados de empreendedores na classe alta do que temos na classe baixa", explicou Paes da Barros.
Apesar do crescimento de novos pequenos empreendimentos nesse período não ter sido grande, houve maior geração de postos de trabalhos. Para o representante Residente do PNUD do Brasil, Jorge Chediek, "o que mais melhorou a condição social do país foi a criação do emprego" em médias e pequenas empresas. O gerente do Sebrae Nacional, Pio Cortizo, ressaltou essa participação do pequeno negócio e salientou a possibilidade de se tornar empreendedor no país. "Hoje dá para se dizer com segurança que dá para abrir um negócio nesse país".
Cortizo também falou sobre a mudança de oportunidade dos novos empresários. No passado, as pessoas abriam um negócio por falta de oportunidade no mercado de trabalho. Segundo o gerente, hoje 70% dos empreendedores viram naquele na abertura de um novo empreendimento uma oportunidade.
O deputado estadual e presidente do Partido dos Trabalhadores do Paraná (PT-PR), Enio Verri, afirma que os empresários estão cada vez mais confiantes e seguros com a economia do país. "Este cenário de otimismo econômico é resultado das políticas econômicas adotadas pelos governos Lula e Dilma. Entre os inúmeros benefícios que os empreendedores têm hoje em dia, que não existiam há dez anos, entre outros, está a facilidade no acesso ao crédito para investimentos, incentivos fiscais, desburocratização e desoneração de impostos, como na energia elétrica", ponderou o deputado.
O ministro-chefe interino da SAE e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcelo Neri, disse que o que o surpreendeu nesse estudo foi a importância do trabalho. Para o ministro interino, o grande símbolo dessa classe média é a carteira de trabalho. Hoje os trabalhadores estão trocando trabalhos de subexistência por trabalhos formais.
E isso contribui para o aumento da renda per capita no país. Entre 2003 e 2013, o aumento na renda foi de 28%, o que significa mais prosperidade familiar, avalia Neri. De lá para cá, a probabilidade de a renda subir passou de 21,88% em 2003 para 34,93% neste ano. Em contrapartida, a vulnerabilidade, ou seja, a chance de a renda cair, reduziu de 23,62% para 11,23%.
Atualmente os pequenos empreendedores são responsáveis por uma fatia importante da remuneração no país, já que representam 39% do total da remuneração brasileira resultando num valor de R$ 500 bilhões ao ano. Para Verri, a pesquisa apresentada hoje "confirma que estamos avançando a passos largos". De acordo com o deputado, o maior desafio para os próximos anos é fazer com que a população entre e permaneça na classe média e o governo tem adotado medidas para tornar isso realidade.