A Federação dos Metalúrgicos do Paraná deve oficializar ainda hoje uma denúncia contra a direção da Chrysler no Ministério Público do Trabalho, em Curitiba. Segundo o presidente interino da federação, Claudio Gramm, a empresa fez uma "sacanagem ao criar um sindicato fantasma - o Sindimovec -, que só colaborou para a retirada dos direitos dos funcionários da fábrica de Campo Largo". Na segunda-feira, dia 29, a direção mundial da Chrysler anunciou a suspensão da produção da picape Dakota, em Campo Largo, além do fechamento de cinco fábricas em outros países.
Segundo informações obtidas pela federação com a direção da Chrysler no Brasil, a unidade da Campo Largo vai continuar operando até março para cumprir os pedidos de entrega. Os 250 funcionários seriam mantidos no emprego até junho. "Isso é o que a fábrica diz, mas não dá para acreditar em mais nada do que vem da Chrysler", afirma Gramm. De acordo com ele, mas de 30 itens do acordo coletivo de trabalho foram retirados pela Chrysler. Agora, a federação quer que o Ministério Público do Trabalho exija o cumprimento de todos os direitos trabalhistas.
"A Chrysler nunca agiu corretamente no Paraná, já no primeiro ano de funcionamento ela reduziu a jornada de trabalho para nove meses", conta o sindicalista. A legislação brasileira permite a redução da jornada anual de trabalho apenas para empresas que passam por dificuldades financeiras. "Como pode uma fábrica que estava se instalando aqui, com um monte de benefícios do governo, passar por dificuldades?", pergunta Gramm.
A federação também vai cobrar um posicionamento mais enérgico da Secretaria de Estado da Indústria e Comércio sobre o assunto. "O governo diz que vai cobrar os débitos de ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) em cota única, mas não fala nada dos prejuízos sociais para os trabalhadores e a população em geral de Campo Largo."
De acordo com Gramm, as entidades sindicais vinham denunciando as ações lesivas da Chrysler no Paraná desde a instalação da fábrica. "A empresa já tinha vindo para o Brasil (1965) e saído depois de receber os incentivos, agora voltou apenas para receber os benefícios de importações", opina. O presidente da federação ainda lembra que a Chrysler havia prometido criar 450 empregos diretos, mas nunca passou dos 250. Além disso, esteve em funcionamento em apenas metade dos dia úteis dos três anos de produção. A meta era fabricar 14 mil picapes Dakota ao mês, mas nunca ultrapassou as 5 mil unidades.