Os metalúrgicos de Curitiba e região metropolitana, vinculados ao Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, iniciaram a mobilização para a campanha salarial. A data-base da categoria é em setembro, e a pauta de negociação com as três montadoras, Renault, Volkswagen/Audi e Volvo será apresentada assim que forem formalizadas as assembléias com os funcionários.
A proposta que será encaminhada pelo sindicato prevê um reajuste de 15%, que representa a recuperação integral do índice de inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) mais um percentual de aumento real. O diretor do sindicato, Núncio Manalla, calcula que até o final de setembro o índice do INPC deve estar em 7,93%.
Outra proposta será elevar o salário mínimo da categoria de R$ 600 para R$ 800. Este ano a campanha traz uma novidade, que é a luta pelo aumento do índice de nacionalização das peças como principal reivindicação das cláusulas sociais, que serão negociadas. De acordo com Manalla, todas as negociações com as três montadoras serão estendidas para as 70 empresas fornecedoras de peças, que estão instaladas na região.
De acordo com o sindicato dos metalúrgicos, atualmente 70% das peças que compõem um veículo da Renault ou da Audi ainda são importadas. Os sindicalistas têm consciência que não conseguirão reverter o quadro de uma hora para outra. Mas estão dispostos a "buscar apoio político para levar a luta para frente", avisa Manalla. Ele calcula que se o índice de nacionalização de peças fosse de 100%, seriam criados entre 30 mil a 35 mil empregos diretos.
O dirigente sindical Robson da Silva, o Jamaica, reconhece que é difícil negociar benefícios para os funcionários em período de crise. Mas disse que os trabalhadores devem ter consciência que as negociações devem ir além do salário. Segundo ele, a luta pela nacionalização das peças representa o papel social que o sindicato também deve exercer. Com a nacionalização, as empresas fornecedoras se obrigam a modernizar seus sistemas de produção e qualificar os funcionários, diz.
As propostas serão encaminhadas para as assembléias de funcionários que serão realizadas este mês nas montadoras. Assim que a pauta de reivindicações for aprovada, as negociações com as empresas começam imediatamente.