Mais da metade das pequenas e grandes empresas dos três Estados da região Sul ainda não faz qualquer tipo de atividade social para beneficiar a comunidade ou seus próprios empregados, ao longo de 1999. A pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) indicou que 46% das empresas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná adotaram atividades ligadas à responsabilidade social.
Foram pesquisadas 1.832 empresas, sendo que 75 mil declararam que fizeram desde pequenas doações eventuais até projetos estruturados.
A pesquisa do Ipea foi aplicada em todo o País durante este ano. Os pesquisadores telefonaram para as empresas selecionadas e perguntaram se elas tiveram ou não atividades ligadas à comunidade ou aos funcionários que não fossem obrigatórias. O resultado servirá para embasar a segunda etapa da pesquisa que irá detalhar que tipo de ação é realizada.
Os dados do levantamento surpreenderam o Ipea. Eles constataram que a região Sudeste concentra a maior parte das empresas que já despertaram para a necessidade de contribuir para melhorar a sociedade. Dos empresários do Sudeste, 67% disseram fazer atividades extras relacionadas com a comunidade, enquanto que na região Nordeste o índice de colaboração é de 55%.
A avaliação do Ipea é que o comportamento social da iniciativa privada no Sul do País é mais homogêneo do que nas demais regiões pesquisadas. Santa Catarina e Paraná praticamente empataram com 50% e 49%, respectivamente. O Rio Grande do Sul aparece abaixo com 39%.
A coordenadora da pesquisa do Ipea, Anna Maria Peliano, disse, entretanto, que a maior adesão no Sul se dá entre as grandes empresas. Como as micro e pequenas demostraram estar mais acanhadas na ajuda à comunidade e empregados, o percentual médio acabou ficando mais baixo do que o esperado.
""Quanto maior a empresa, aumenta mais a participação na responsabilidade social"", afirmou Anna Maria Peliano, em entrevista por telefone à Folha. Ela divulgou os números pela manhã, em Porto Alegre (RS).
Na ajuda a comunidade, o setor industrial se destaca com 50% de participação, seguido de perto pelo comércio com 45% e pelos serviços com 44%. A maioria das empresas da construção civil e a agricultura ainda não despertou para a responsabilidade social. A participação delas é de 30%.
O Ipea considerou como ação social qualquer atividade que envolveu assistência social, alimentação, saúde e educação. Exclui-se ações feitas por obrigação legal, como, por exemplo, o cumprimento de normas ambientalistas ou atendimento obrigatório aos empregados como o vale-transporte. A participação em uma campanha do agasalho, por exemplo, já foi incluída como ação de responsabilidade social.