Economia

Meirelles promete manter política de Fraga no BC

18 dez 2002 às 11:10

Depois de mais de cinco horas de sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, na noite de ontem, Henrique Meirelles – indicado pelo presidente da República eleito para presidir o Banco Central – passou no primeiro teste e prometeu manter a política monetária do atual presidente do BC, Armínio Fraga. Também defendeu a continuidade da estabilidade dos preços, mas sem descartar o crescimento econômico sustentável, com prioridade para o capital humano e social.

Meirelles garantiu ainda que preservará o regime de metas de inflação para conter a alta generalizada dos preços. "O Banco Central tem um compromisso com as metas de inflação", reforçou o deputado federal eleito pelo PSDB de Goiás. Ele defendeu uma posição técnica para "lutar de forma implacável" contra a inflação, acrescentando que apesar de as atuais taxas de juros serem consideradas altas e dificultarem o crescimento econômico, a linha de atuação do BC será a de ajustar uma taxa necessária ao combate da inflação.


Em meio a acusações e questionamentos sobre a fidelidade de Meirelles à vida pública e ao PSDB, ele defendeu o cumprimento dos contratos internacionais e da autonomia do Banco Central, a partir, por exemplo, de mandatos definidos para os diretores da instituição. Também defendeu o câmbio flutuante, mas reforçou a necessidade de a economia interna não depender das oscilações da moeda norte-americana.


Durante o debate na Comissão, do qual participaram cerca de 40 senadores, Meirelles disse que um dos maiores desafios do próximo governo será a desindexação do dólar em relação à dívida pública, para evitar que o valor da dívida varie de acordo com as oscilações da moeda norte-americana. Atualmente mais da metade da dívida está indexada ao câmbio.


Apesar da boa recepção pelos parlamentares, Meirelles recebeu pedido de mais explicações, feito pelos senadores Antero Paes de Barros (PSDB-MT) e Jefferson Péres (PDT-AM), sobre os problemas apontados no relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bancos, referentes ao Banco de Boston, no período entre 1984 e 1996. Meirelles informou que assumiu a presidência do banco no final de 1996 e que "nada foi encontrado de irregular". Durante 12 anos Meilles presidiu o Banco de Boston.

A senadora Heloísa Helena (PT-AL), que se opôs à indicação de Meirelles, não participou da audiência e foi substituída pelo senador José Eduardo Dutra (PT-SE). Segundo o presidente do PT, José Genoíno, "o que está em jogo é um projeto novo para o Brasil e a indicação de Henrique Meirelles foi a melhor opção".


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