Os argentinos residentes em Puerto Iguazú, cidade fronteira com Foz do Iguaçu, foram impedidos de levar produtos comprados no Brasil para seu país de origem aos sábados. A medida começou a vigorar no último final de semana, seguindo uma determinação vinda de Buenos Aires. A importação informal já era proibida aos domingos e feriados.
A restrição vai dificultar a vida de centenas de estrangeiros que cruzam a Ponte Tancredo Neves em busca de produtos brasileiros com preços mais atrativos no dia de maior movimento na fronteira. Agora, eles poderão importar produtos somente de segunda à sexta-feira, das 7h30 às 18 horas, justamente nos dias úteis e horário de expediente.
A proibição protege o comércio da cidade vizinha, que entrou em crise em 1991, quando o peso entrou em paridade com dólar. Dessa maneira, a moeda argentina começou a ter valorização superior à brasileira, levando os argentinos a comprar mercadorias, em especial alimentícias, nos supermercados iguaçuenses. A administração da aduana nega que o objetivo seja proteger a economia interna, afirmando que se trata de uma resolução antiga, válida para todas as fronteiras. A quebra da exceção teria sido determinada pela direção das aduanas.
O taxista argentino Pablo Gomez, 45 anos, acredita, no entanto, que seus passageiros devem começar a fazer compras durante os dias úteis da semana, pois "ainda é vantajoso comprar no Brasil", diz o motorista, que faz o translado de consumidores de Puerto Iguazú aos mercados de Foz. Sobre seu prejuízo previsto para ocorrer aos sábados, Gomez prevê perdas de "até 40 pesos (R$ 100,00)".
O empresário Pedro Dominguesk, proprietário do Supermercado Santa Terezinha, conta que "no sábado passado, meus clientes foram obrigados a devolver pacotes de açúcar por causa da barreira". Apesar da restrição, o empresário acredita na manuteção da clientela. "Um frango aqui custa dois reais e em Puerto Iguazú, dois pesos e oitenta centavos (perto de sete reais)", compara.
Ele lamenta, porém, que após o aumento da crise no país vizinho, o poder aquisitivo dos argentinos diminuiu bastante. "Antes, um argentino gastava 100 pesos em alimentos por mês (cota permitida pela governo). Hoje, esse valor caiu pela metade. Eles estão sem dinheiro", compara o comerciante, cujo estabelecimento é visitado por 2 mil estrangeiros todos meses. O número representa cerca de 30% dos clientes.