Economia

Lojas engrossam boicote a cartão de crédito

28 jun 2001 às 09:31

Estabelecimentos comerciais de Curitiba estão engrossando o boicote aos cartões de crédito, movimento iniciado pelos postos de gasolina. Eles alegam que as taxas cobradas pelas administradoras de cartões são muito altas.

O restaurante Mercearia Anos 30 não está aceitando nenhum cartão de crédito. O proprietário, Marcelo Iódice, afirma que não perdeu clientes por causa da medida. Como forma de compensação, o estabelecimento está aceitando cheque pré-datado para até 30 dias. "Com o dinheiro que eu gastava com as taxas, eu pago agora o salário de dois funcionários", diz Iódice. Segundo ele, a taxa cobrada pelas administradoras dos cartões era de 3,75%, além do valor pago mensalmente pelo aluguel das máquinas, de R$ 65,00 para cada administradora.


Iódice diz que preferiu boicotar os cartões de crédito do que repassar o preço ao cliente. "Seria fácil repassar R$ 0,40 para cada pessoa no rodízio, que é o forte da casa, mas preferi baixar os custos", relata. Ele afirma que tentou negociar com as administradoras, mas não conseguiu um acordo.


O restaurante Confraria do Chef ainda está aceitando cartões de crédito, mas por pouco tempo. Paulo Moreira, dono do estabelecimento, diz que pretende aderir ao boicote em breve. "Em cinco anos de funcionamento, tive 12 cheques sem fundo, e por isso acho que não haverá problemas em adotar cheque pré-datado com a minha clientela", avalia. Moreira também diz que as taxas cobradas são muito altas. "O valor que eles cobram, de 3% ou 4%, não consigo obter na poupança nem em três meses", opina.


O grande problema, para Moreira, é que não há órgão que fiscalize a atuação das empresas. "Não há norma alguma do Banco Central para regular a atuação delas", critica. Segundo ele, quando os postos de gasolina iniciaram o boicote, vários proprietários de restaurante sugeriram atitude semelhante, mas não ocorreu ainda nenhum movimento organizado.

A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), explicou, através de nota, que as taxas de administração cobradas dos estabelecimentos comerciais variam de acordo com o segmento de atuação. "Essas taxas são calculadas com base em critérios que abrangem o valor das transações, impostos, risco de atividade, entre outros, sempre levando em consideração o perfil de cada empresa".


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