Já é consenso no mercado financeiro que o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) deve promover um corte na Selic (taxa básica de juros da economia) na próxima reunião, nos próximos dias 20 e 21.
Atualmente, a taxa está em 26,5% ao ano. Alguns especialistas falam em redução de até 1,5 ponto percentual, mas, quando se discute o tamanho da queda, as opiniões estão bastante divididas.
Um bom indicativo da expectativa do mercado são os contratos de juros futuros na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros). Os contratos para julho registram queda de 0,03%, para 25,89%; os de outubro, que são os mais negociados, recuam 1,04%, para 24,59%.
As apostas na queda foram reforçadas nesta terça-feira, quando dois novos índices de inflação mostraram que já há espaço para um corte de juros.
Tanto o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) quanto o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) - indicador oficial do governo - medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostraram que há tendência de desaceleração nos preços.
O mercado também está otimista com a queda do risco Brasil. Acumulando queda de 51% desde o início do ano, hoje o indicador ficou abaixo de 700 pontos pela primeira vez desde 16 de fevereiro de 2001. Recuperou-se um pouco ao longo do dia e está em 703 pontos, com baixa de 2,41%.
O especialista Alan Marinovic, da ABM Consulting, acredita que a diminuição do risco e os outros bons indicadores macroeconômicos do país criam um cenário mais favorável para a implantação de políticas de desenvolvimento pelo governo, o que passa diretamente pela redução dos juros. ''Há espaço para um corte na taxa'', diz ele. ''A gente deseja uma redução de no mínimo 3 pontos percentuais, mas acredito que o BC vai cortar de 1 a 1,5 ponto, sendo otimista.''
A consultoria Global Invest concorda com essa visão, mas aposta em um corte de 1 ponto. "O momento é favorável. A queda do risco país e do dólar abriram espaço para a consolidação de um cenário mais favorável para a economia, em que é possível conciliar uma menor volatilidade dos mercados financeiros com perspectivas econômicas mais favoráveis para a economia real. Porém, esse cenário só será possível com a queda dos juros, o que melhora as perspectivas de crescimento econômico e de endividamento", diz em relatório.
Àqueles que temem que uma diminuição da Selic possa fazer aumentar a inflação, a consultoria responde dizendo que "não se trata de afrouxar o combate à inflação, mas de adequar de maneira mais eficiente os vários objetivos da política econômica, reduzindo um pouco o enorme aperto monetário em vigor."