O deputado Mendes Thame almoçou, na quinta-feira (3), em Brasília, com os diretores do Banco de Cooperação Internacional do Japão (JBIC) que estão no Brasil para iniciar estudos sobre acordo de financiamento à pesquisa e produção de biocombustível.
Segundo Thame, o vice-diretor do Departamento de Desenvolvimento do JBIC, Toshitaka Takeuchi, sinalizou que são amplas as possibilidades de o Brasil vir a ser um grande fornecedor de biocombustíveis ao Japão, especialmente do álcool anidro.
"O acordo, que envolve o Ministério da Agricultura, pretende justamente determinar o volume de investimentos que o Japão terá de realizar no Brasil, para garantir o fornecimento de combustível renovável ao mercado japonês", explicou Thame, acrescentando que, "segundo Takeuchi, ainda existem resquícios da preocupação com a capacidade do Brasil em cumprir um contrato de grande porte e por longo prazo, isto devido às dificuldades no passado com o fornecimento de álcool e ausência de estoques reguladores".
Como fator favorável, os japoneses consideraram muito "exitosa" a viagem recente de representantes da Única, entidade de congrega produtores de álcool, ao Japão, quando muitas das dúvidas existentes foram dirimidas".
Além disso, Thame, que é amigo pessoal de Takeuchi , lembrou a ele que o Brasil tem sido um fornecedor habitual de minérios e açúcar ao Japão, cumprindo rigorosamente os compromissos assumidos, "tradição que sem dúvida irá honrar também como fornecedor de biocombustíveis, desde que haja contratos de longo prazo prevendo e dispondo condições de interesse mútuo, acordadas entre as partes".
O deputado Thame mantém contatos com o JBIC, notadamente com Dr. Takeuchi, desde quando, como Secretário de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras do Estado, negociou o financiamento para a 2ª etapa do aprofundamento da calha do rio Tietê, conseguindo reduzir o valor orçado das obras, o que possibilitou ao Estado executar o dobro dos serviços previstos inicialmente, fato que valorizou o desempenho do Governo do Estado de São Paulo junto ao Banco.
Thame lembrou que, no passado, os japoneses investiram US$ 570 milhões no cultivo de soja no cerrado, ajudando a projetar o Brasil como grande produtor mundial do produto. "Agora, ainda segundo o deputado, o Japão demonstra estar disposto a financiar áreas plantadas de cana-de-açúcar, a construção ou ampliação de usinas, aumentar a capacidade de estocagem do álcool, que é o produto preferencial dos japoneses por reduzir a poluição atmosférica. Somente a mistura de 3% de álcool (etanol) como aditivo à gasolina implicará a necessidade de fornecimento de 1,8 bilhões de litros/ano do produto", explicou.
Para o deputado, a participação do Japão é importantíssima para auxiliar também na implantação do progra ma de biocombustíveis, que tem pólo de pesquisa e desenvolvimento na ESALQ - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em Piracicaba. Trata-se de projeto importante, não só para o Brasil (geração de renda e empregos), mas para o mundo, que está cada vez mais preocupado com o aquecimento da Terra (efeito estufa) provocado pelo crescente uso de combustíveis fósseis.
Para realizar os estudos do volume de investimentos necessários para garantir os contratos de fornecimento de álcool e biodies el a longo prazo para o Japão, o JBIC contratou a empresa Pacific Consulting. Hoje, o Banco tem ativos de 100 bilhões, e a carteira de empréstimos para o Brasil é de US 8 bilhões.