O ex-sargento da PM Jorge Luiz Martins, que denunciou uma rede de espionagem do HSBC contra o Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Metropolitana, protocolou na Vara da Justiça Militar um pedido para ser incluído no Programa Federal de Proteção a Testemunhas. Ele disse que está recebendo ameaças.
Martins é esperado hoje, às 9h30, na Justiça Militar, para falar sobre o escândalo. Ele quer provar que não entregou documentos falsos à CPI da Telefonia, na semana passada, quando o esquema foi denunciado. Representantes do banco e coronéis da PM também estão sendo aguardados para falar.
Acusado pelo HSBC de entregar papéis sem autenticidade aos deputados, o ex-sargento diz que poderá sustentar que o banco caiu em contradição ao acusá-lo. Martins lembra que foi a própria direção do HSBC que forneceu à Polícia Militar relatórios assinados por ele que comprovariam seu vínculo empregatício com o HSBC.
Os relatórios encaminhados pelo HSBC ao conselho disciplinar da PM narram como Martins atuava em suas missões de espionagem. Com base nestes documentos, o conselho constatou que Martins tinha vínculo empregatício, o que é ilegal para um PM. Este foi o motivo alegado pela corporação para expulsá-lo, em março deste ano, depois que ele ingressou com reclamatória trabalhista contra a instituição financeira.
O inquérito policial militar é formado por cerca de 1600 páginas. Grande parte do processo é recheado de relatórios que o próprio Martins assinava como chefe do setor de inteligência e informações do HSBC. "Foi o pessoal do banco que apresentou os documentos para comprovar que eu tinha vínculo empregatício. Foi aí que eles começaram a se afundar e abriram sua caixa-preta. Senão, nem haveria motivo para a expulsão", afirma.
Martins trabalhou de dezembro de 1994 até fevereiro do ano passado investigando contas de clientes, funcionários e fazendo espionagem. Quando o banco passou para o controle do HSBC, o ex-sargento diz que recebeu a missão de monitorar os líderes dos bancários em Curitiba através de grampo telefônico, fotografias e filmagens. "Uma pessoa que ficou cinco anos num lugar, não ficou uma semana, não poderia inventar isso tudo", diz Martins. Segundo o ex-sargento, todo o alto comando da corporação permitia que ele ficasse "emprestado" para o HSBC.