O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi recomendado a não adotar o horário de verão neste ano. Técnicos dos MME (Ministério de Minas e Energia) avaliam que o planejamento do setor está robusto, garantindo o fornecimento, e os dados não apontam ganhos com a implementação da medida, segundo a Folha de S.Paulo apurou.
Neste ano, o Brasil entra no período mais quente com os reservatórios das hidrelétricas em nível elevado e garantia de energia de fontes renováveis, como solar e eólica, que garantem uma oferta firme a custos menores.
O horário de verão estabelecia que, entre os meses de outubro e fevereiro, os relógios fossem adiantados em uma hora pelo horário de Brasília. A medida buscava reduzir o consumo de energia, aproveitando por mais tempo a luz natural do sol.
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A medida foi extinta no governo do ex-presidente do Jair Bolsonaro (PL). Em abril de 2019, o ex-presidente alegou que estava tomando a decisão depois que estudos teriam mostrado que não havia mais economia de energia e que o organismo das pessoas seria afetado negativamente.
Segundo uma corrente de especialistas do setor, o horário de verão perdeu força por causa de novos hábitos, como o uso de ar-condicionado, que chegam a elevar a demanda por energia, e por causa de mudanças na estrutura de abastecimento, como a expansão do uso do gás nas metrópoles, que ameniza o consumo de chuveiros elétricos para o banho na volta do trabalho no fim do dia, por exemplo.
LULA FEZ ENQUETE NO TWITTER
A adoção do horário de verão sempre gerou controvérsia.
No final do ano passado, a Folha realizou uma enquete sobre o tema com leitores. Esse tipo de consulta não têm valor científico, mas o levantamento foi proposto após o presidente Lula promover uma enquete no então Twitter, hoje X.
Dos 1.155 leitores que responderam, 55,7% se manifestaram contra o retorno do horário de verão e 44,3% se disseram a favor.
Já na enquete de Lula, que teve mais de 2,3 milhões de votos, o resultado foi favorável ao retorno da medida: 66,2% foram favoráveis ao horário de verão e 33,8% se disseram contrários.
Na época, a assessoria do então presidente eleito esclareceu que a enquete seria apenas um indicativo, ou seja, não seria o único fator a ser levado em conta para que o governo decidisse decretar ou não a volta da medida.
Em setembro de 2021, uma pesquisa Datafolha mostrou margem mais estreita em defesa do retorno do horário de verão. Apoiaram a volta 55% dos entrevistados, enquanto 38% se disseram contrários, e o restante, indiferentes.