O Fórum Popular Contra a Venda da Copel reúne-se nesta quarta-feira com promotores do Ministério Público Federal, em Curitiba, para apresentar uma série de denúncias contra o processo de privatização da companhia de energia. A reunião está marcada para as 14 horas. Será entregue um estudo do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge) que contesta o preço mínimo de R$ 4,32 bilhões da Copel para o leilão.
O próprio MP havia pedido uma análise dos números ao Senge. A diretoria do sindicato, entidade que integra a lista do fórum, considera que a Copel foi subavaliada. "O preço fixado mostra que a Copel será entregue", costuma repetir o presidente do Senge, Carlos Roberto Bittencourt.
Ele afirmou que estudos paralelos e comparativos com outras privatizações demostram que o preço da Copel poderia chegar a R$ 25 bilhões. O cálculo tomou como base os investimentos feitos em geração, distribuição e transmissão ao longo dos 46 anos de história da companhia. Não foi incluído nesse preço, o valor intangível da Copel que leva em conta a carteira de clientes, marca, presença no mercado e os negócios.
As entidades que se opõem à privatização da Copel apostam ainda suas fichas na investigação do Ministério Público sobre denúncias de existência de um passivo ambiental da companhia energética. O processo está sendo tocado pelo promotor Saint'Clair Honorato Santos da Promotoria Estadual do Meio Ambiente.
A CUT avalia que a privatização pode ser prejudicada caso não se esclareça o impasse da dívida que a Copel teria acumulado por não ter feito obras compensatórias pela destruição ambiental. Pesa contra a ação da CUT a falta de tempo. "O processo é grande e exigirá muita informação", disse o promotor Saint'Clair.
Uma ação semelhante à que chegou ao Ministério Público impediu por determinados momentos que o governo de São Paulo vendesse a Cesp-Paranapanema. A empresa estatal primeiro teve de zerar seu passivo ambiental.
Os opositores à venda da Copel querem ainda que a Assembléia Legislativa se manifeste em relação ao passivo ambiental da Copel. O pedido para que os deputados convoquem representantes da estatal e do governo para se explicarem foi feito pela CUT, mas ainda não foi analisado.