A balança comercial já começa a sofrer os reflexos dos embargos adotados por diversos países diante do surgimento do foco de febre aftosa em Mato Grosso do Sul. Na 2ª semana de outubro, a balança comercial apresentou exportações de US$ 2,119 bilhões e importações de US$ 1,472 bilhão, resultando em superávit de US$ 647 milhões. A média das exportações da 2ª semana chegou a US$ 529,8 milhões, 6,3% inferior à média de US$ 565,2 milhões da 1ª semana. Esse resultado sofreu forte influência negativa pela retração de 50%, na média diária, das exportações do complexo de Carnes entre setembro e as duas primeiras semanas de outubro.
A média diária das exportações de carne caiu de US$ 34,6 milhões em setembro para US$ 27,7 milhões em outubro. Entre os 31 países que suspenderam as importações estão os maiores clientes do Brasil no comércio de carne, como Rússia e os integrantes da União Européia. De janeiro a setembro, os russos compraram US$ 406 milhões de carne bovina in natura.
Se os embargos adotados pela Rússia e Europa para toda a carne brasileira se mantiverem por muito tempo, o excesso de oferta provavelmente causará nova queda de preços para o mercado interno.
A comitiva presidencial que se encontrava neste domingo em Roma, chegou na segunda a Moscou. O governo avalia que os contatos no mercado internacional de carne de Luiz Fernando Furlan, ministro do desenvolvimento e ex-presidente da Sadia, serão importantes nas negociações de suspensão do embargo. O acordo desenhado hoje para o apoio do Brasil à entrada da Rússia na OMC facilita o processo de finalização do embargo e abre caminho na Rússia para ampliação do mercado de álcool.
Desde o começo da crise o Brasil busca dar respostas rápidas ao processo em termos de defesa fitossanitária e aniquilação dos rebanhos contaminados. Contudo, o surgimento de novos focos da febre em municípios vizinhos deixou claro que o problema não é pontual. O contrabando de rebanhos provenientes do Paraguai, país que não possui controle de aftosa e que comercializa o novilho com preço médio 35% mais baixo, é generalizado nas cidades próximas à fronteira, tornando o problema bem mais difícil de ser administrado.
O interessante é notar a força e o papel do Brasil no comércio internacional de carnes. Outros países já passaram e passam por problemas de ordem sanitária até maiores que o nosso, porém a repercussão internacional sequer é notada. Existe uma gama de interesses por trás dos embargos com o Brasil, devido à sua posição internacional. O último embargo foi resolvido em 12 dias, seria interessante que este fosse resolvido em um período consideravelmente menor, antes que afetem de maneira extrema os resultados da balança comercial.