Economia

FMI confia mais em Lula do que em Kirchner

13 jun 2004 às 20:53

''Com certeza, o Fundo Monetário Internacional (FMI) confia mais em Lula do que em Kirchner''. A frase é do ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso, que em entrevista ao tradicional jornal ''La Nación'' explicou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ''cumpriu os contratos''.

Analisando os motivos da menor confiança no presidente Néstor Kirchner, FHC afirmou que o argentino ''possui uma posição mais agressiva porque está negociando uma moratória, situação pela qual eu passei''.


''O FMI sempre nos apoiou. O Brasil tem com o Fundo uma relação bem diferente daquela que teve com a Argentina, já que criamos um sistema de confiança. A vitória de Lula produziu um nervosismo desnecessário. O FMI nos deu mais de US$ 30 bilhões, mas os mercados não mudaram. Continuaram acreditando que a coisa não ia funcionar'', disse.


As declarações - publicadas ontem - foram feitas durante a breve passagem de FHC por Buenos Aires. Ele veio à capital argentina para receber o título de doutor Honoris Causa da Universidade Tres de Febrero, localizada na Grande Buenos Aires.


O ex-presidente afirmou que encara ''favoravelmente'' a aliança estratégica entre os presidentes Lula e Kirchner: ''É importante que, como presidentes dos países do Mercosul, eles se entendam. Eu nunca tive relações ruins com os presidentes argentinos.''


Aos dois, deu um conselho: ''Busquem políticas de Estado.'' Caso contrário, ''a aliança estratégica que fizemos tantas vezes com a Argentina não será mais do que palavras'', explicou.


Durante os oito anos de governo, FHC conviveu com os ex-presidentes Carlos Menem (durante cinco anos), Fernando De la Rúa (dois anos de convívio) e Eduardo Duhalde (doze meses).


Fernando Henrique sustenta que o momento atual - no qual existem um câmbio monetário similar - é adequado para retomar a dicussão sobre a criação de uma moeda única para o Mercosul.

Sobre a possibilidade de ser candidato a futuras eleições presidenciais, FHC foi ambíguo. ''Se eu me apresento, vou inibir outas personalidades. E não é necessário para o país nem para o partido nem para mim. Não me atrevo a assinar embaixo. Mas não penso nem desejo voltar.''


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