A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de cortar em 0,25 ponto percentual o valor da taxa Selic, tomada na quarta-feira (21), em Brasília, fez com que setores empresariais comemorassem mais uma baixa na taxa de juros, que caiu de 6,75% para 6,5% ao ano. Este foi o 12º recuo consecutivo.
Para o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), essa diminuição demonstra que o comitê ainda não encerrou o ciclo de queda na taxa iniciada em outubro de 2016. Segundo o SPC, o novo recuo e as possíveis quedas adicionais trazem ainda mais estímulo à economia, que vem se recuperando de forma lenta.
"O espaço para uma nova queda na taxa de juros acontece porque a inflação segue controlada e as expectativas em relação ao seu futuro estão ancoradas em patamares abaixo da meta. Além disso, a recuperação econômica em curso se dá de uma forma muito lenta, afastando possibilidade de pressão inflacionária mais à frente", disse o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.
Para ele, o Banco Central sinalizou a continuidade do ciclo de expansão monetária, mas sem abandonar a dependência de novos dados. "A princípio, há espaço para novas quedas, mas, se os dados voltarem a surpreender, uma interrupção na próxima reunião pode acontecer. Além da queda, a boa notícia é que as taxas de juros devem se manter em patamar baixo até pelo menos o fim do ano. É importante ponderar, no entanto, que o cenário político e a necessidade de ajustes fiscais atuam como risco a este ambiente."
Com novo cenário econômico, aplicações deixam de ser vantajosas
O setor gráfico comemorou a redução dos juros. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf-SP), as perpectivas são muito boas. Para o presidente da entidade, Sidney Anversa Victor, aplicar dinheiro já não é mais tão vantajoso para os empresários e, com a queda da Selic, muitos estão tirando o dinheiro dos bancos e investindo na compra de equipamentos e aumentando a competitividade das empresas, assim como a rentabilidade de seus negócios.
Ele destaca também que a queda dos juros foi fundamental para o aquecimento da economia e teve outros reflexos no setor. "Depois de 5 anos de crise, alguns setores da indústria gráfica começam a reagir, registrando números positivos, crescimento, o fim das demissões e até novas contratações". Além disso, na avaliação do empresário, é preciso que os bancos reduzam os juros na mesma proporção. "Isso vai melhorar o acesso ao crédito e diminuir a inadimplência, criando as condições para um novo ciclo de prosperidade", afirma.
Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), apesar da baixa da taxa Selic,, as pessoas e empresas que precisam de crédito ainda continuam pagando juros altos. Segundo o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, o Banco Central tem que agir para derrubar as taxas e reduzir o custo do crédito no Brasil.
"No cheque especial, a taxa é de 323% ao ano, e, no cartão de crédito, 334%. Isso cria dívidas impagáveis. Quem depositou dez anos atrás R$ 100 na caderneta teria hoje R$ 198,03, enquanto uma dívida no cheque especial de R$ 100, também contraída dez anos atrás, representaria hoje R$ 4.394.136,97", disse Skaf.