Postos de combustíveis desativados e fechados com tapumes de madeira. A cena tem se tornado cada vez mais frequente pela cidade de Curitiba e começa a chamar atenção da população. O que se esconde por traz desta situação é uma briga antiga entre as maiores distribuidoras e o comércio varejista de combustível. As grendes companhias estariam tendo dificuldades em encontrar parceiros dispostos a administrar as revendas que, de maneira velada, pertencem às próprias distribuidoras.
A tentativa das distribuidoras serem as próprias donas do comércio varejista tem sido uma constante nos últimos anos. Mas a lei as impede de acumular totalmente as duas funções. A solução foi encontrar brechas legais. Uma das alternativas foi fazer contratos de concessão com empresários. As distribuidoras compram imóveis e "alugam" para um operador, segundo o Sindicato das Distribuidoras de Combustível (Sindicom). O sistema é conhecido como "próprio posto das distribuidoras" e atinge 10% dos casos. Na teoria quem administra e responde pelo estabelecimento é o empresário, mas na prática quem manda é a distribuidora.
A segunda opção é quando o revendedor tem um imóvel e procura a distribuidora para fazer um contrato. "A companhia o ajuda a construir o posto e fornece a sua marca", explica o diretor do Departamento de Concorrência do Sindicom, Alísio Paz.
Paz diz que o fechamento de alguns postos não se deve a atritos entre distribuição e varejo, mas sim à concorrência desleal que há hoje no setor. "O mercado passa por problemas devido à predadória sonegação e adulteração", afirma Paz. Segundo ele, os postos que têm a bandeira das grandes companhias, encontram dificuldades de se manterem competitivos frente aos sonegadores e adulteradores. "Há preços artificialmente baratos e isso inviabiliza postos corretos", diz ele, ao justificar os fechamentos.
Os representantes do comércio varejista reconhecem que as fraudes no setor se tornaram um problema para manter os negócios. Mas o presidente do Sindicombustíveis, Roberto Fregonese, alerta para outro problema. "Os postos das companhias têm aluguel supervalorizado, que podem chegar a R$ 14 mil por mês. Pelo menos 7 centavos do lucro em cada litro de combustível vendido vai para o aluguel. Isso inviabiliza a concorrência", reclama.
Segundo Fregonese, a maioria dos postos com bandeira já está nas mãos das distribuidoras. "Elas querem eliminar a concorrência (que são os donos dos postos) como fizeram no Chile e Argentina", acusa o presidente do Sindicombustíveis.
Fregonese acusa as distribuidoras de colocar "testas-de-ferro" para administrar os postos. Mas ele diz que este tipo de estratégia não está surtindo o efeito desejado, pois o empresário está descobrindo que a lucratividade não compensa o risco de assumir o negócio.