Os conflitos no campo cresceram 8% no país no primeiro semestre de 2023 em relação ao mesmo período do ano passado. De janeiro a junho, foram registradas 973 ocorrências, o segundo maior número observado em dez anos, atrás apenas dos seis primeiros meses de 2020, com 1.007 casos.
Os dados foram divulgados nesta terça-feira (10) pela CPT (Comissão Pastoral da Terra) a partir da coleta e organização feita pelo Cedoc (Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno).
As disputas por terra são a maior causa dos conflitos, com 791 registros, o que representa 81% do total. Em seguida, vêm o trabalho escravo rural (102) e os conflitos pela água (80).
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Pistolagem, grilagem e invasão são os principais crimes cometidos contra a ocupação e a posse de terras, e o relatório apontou alta nas ocorrências dessa natureza. Nos primeiros seis meses de 2023, foram registrados 143 casos de pistolagem, 85 de grilagem e houve 185 registros de invasões.
O número de famílias envolvidas chegou a 101.984, somando quase 527 mil pessoas, uma queda de 2% ante 2022 e que pode ser explicada pela pequena redução de conflitos em terras indígenas, onde as famílias costumam ser mais numerosas.
A CPT apurou ainda as consequências dos conflitos na vida dos povos do campo, das águas e das florestas. No período analisado, 878 tiveram suas casas destruídas, 1.524 perderam suas plantações e 2.909, os seus pertences.
As famílias expulsas somaram 554 e 1.091 foram despejadas judicialmente, ficando sem acesso a espaços coletivos, como roçados e áreas de extrativismo vegetal. Entre os fatores que geram os conflitos, o relatório aponta a contaminação por agrotóxicos, a mineração e as usinas hidrelétricas.
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