Economia

Dinheiro da sonegação pode pagar mínimo do R$ 180,00

23 nov 2000 às 18:50

O movimento sindical está satisfeito com a conscientização da sociedade brasileira em torno da necessidade de aumentar o valor do salário mínimo para R$ 180,00. "Isso já é fato. O desafio agora é como financiar o aumento da salário mínio nas contas do governo, onde o impacto é maior", afirmou Cid Cordeiro, presidente do Departamento Intersindical de Estudos Estatísticos (Dieese). Esse debate já está mobilizando diversos setores da Economia.

Empresários, acadêmicos e trabalhadores são unânimes em afirmar que o combate à sonegação seria a alternativa mais viável para identificar os recursos necessários para cobrir o déficit da Previdência Social. Representantes desses setores rejeitam a proposta do governo de aumentar impostos para cobrir os gastos com o aumento do salário mínimo.


Cordeiro defende que entre os mecanismos que poderiam financiar o buraco da previdência seria a formalização da mão-de-obra. Destacou que nos anos 90, cresceu de forma assustadora a informalidade no mercado de trabalho que não recolhe taxas de INSS. Cordeiro sugere ainda que o governo deveria promover o crescimento econômico para elevar as receitas do governo. Segundo o economista, a mudança na conjuntura econômica seria suficiente para elevar as receitas de que o governo precisa, sem elevar a carga tributária.


A Central Única dos Trabalhadores vai se reunir a semana que vem em São Paulo para fechar uma posição em torno do assunto, disse Roberto Von Der Osten, presidente da CUT-PR. Osten defende que o governo deveria taxar as grandes fortunas e setores que pouco contribuiram em recolhimento de impostos para o país, até agora. Outra alternativa seria o governo cortar gastos e promover uma fiscalização mais eficiente, acrescenta.


Para o empresário Benedicto Kubrusly, presidente do Sindicato da Indústria de Autopeças, o aumento da carga tributária como forma de cobrir o custo do salário mínimo nas contas do governo seria o tiro de misericórdia nos setores da economia que ainda trabalham na formalidade. Ele destacou que as pessoas físicas e jurídicas estão sufocadas não aguentam mais pagar impostos nesse país.


"Enquanto se pensa em elevar a carga tributária, a economia informal será mais uma vez compensada porque ganha eficiência e produtividade", ironiza.

Para Kubrusly, a situação criada em torno do salário mínimo é uma hipocrisia. Cada vez que o governo pensa em criar impostos, o setor formal da economia se recolhe ainda mais. Citou sua própria experiência, que teve de fechar uma loja de auto-peças que mantinha em Curitiba, como exemplo. Ele não aguentou a concorrência de lojas do varejo que compram e vendem sem nota fiscal. "Entre cair na informalidade e fechar, optamos pela segunda alternativa", afirmou.


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