O leilão surpresa hoje de venda de swap cambial reverso teve dois efeitos imediatos sobre o mercado cambial doméstico: mudou o sinal do dólar de queda para alta e amparou forte elevação do volume de negócios. A operação equivale à compra de dólares pelo Banco Central, que se compromete a pagar a variação dos juros ao investidor, e não era feita desde 29 de setembro de 2008. O BC negociou a oferta integral de US$ 3,412 bilhões ou 67.600 contratos com vencimento em 1º de junho de 2009.
O dólar comercial iniciou o dia em nova queda e tocou a mínima de R$ 2,106 (-0,94%), passando em seguida a reduzir a baixa. Contudo, mudou de direção após o anúncio da operação do BC. Durante a tarde, atingiu a maior cotação do dia, de R$ 2,157 (+1,46%). No fechamento, valia R$ 2,148, em alta de 1,03%. Na BM&F, o dólar negociado à vista encerrou a sessão com ganho de 0,85%, a R$ 2,148.
A mudança de posicionamento do mercado fez a liquidez do dólar no mercado à vista duplicar em relação a ontem. O giro aumentou 106,54% até as 16h32, para cerca de US$ 5,277 bilhões. Convém destacar que a operação de venda de swap cambial reverso não é contabilizada nesse volume negociado.
Além do impacto sobre as cotações da moeda e o giro negociado, a atuação do BC motivou variadas interpretações entre economistas e operadores das mesas de câmbio. A única avaliação consensual foi a de que o objetivo da autoridade monetária seria o de conter a trajetória de queda do dólar, que vem sendo amparada desde abril por vários fatores: o fluxo financeiro positivo resultante de ingressos de recursos captados por empresas locais no mercado internacional e também de entradas de recursos de investidores estrangeiros interessados em aplicar na Bovespa ou no segmento de renda fixa, dado o atraente diferencial de juros interno e externo; o fluxo comercial também favorável decorrente de ingressos de recursos da safra agrícola exportada; e a projeção de que o volume de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no País este ano se mantenha em cerca de US$ 22 bilhões, de acordo com a Pesquisa Focus desta semana.
Segundo o Banco Central, a decisão de retomar os leilões de swap cambial reverso se deu em reação às mudanças recentes no fluxo cambial do mercado. Conforme informou a assessoria de imprensa da instituição, "o BC decidiu fazer o leilão de swap cambial reverso agindo em função de alterações nas condições de fluxo" nas últimas semanas. O BC reafirmou que "não trabalha com piso, teto ou com qualquer meta para a taxa de câmbio" e que "o regime de câmbio no Brasil é flutuante".