O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidirá na próxima quarta-feira (13) o destino da taxa de juros básica brasileira (Selic). A aposta da Global Invest Asset Management é de que a autoridade monetária dará início ao processo de abrandamento da política monetária após 12 meses de arrocho. Mas, não se deve esperar nenhuma decisão "ousada". Ou seja, acreditamos que a postura conservadora do colegiado deverá prevalecer e decidir, por unanimidade, em reduzir a taxa em 0,25 p.p.
O colegiado tem todos os argumentos possíveis e necessários para realizar uma redução mais acentuada na taxa de juros, a saber: (i) forte queda nas expectativas de inflação para 2005, para 12 meses a frente e para o ano de 2006; (ii) seguidas quedas da inflação corrente e de suas medidas de núcleo; (iii) acomodação do ritmo de crescimento da atividade econômica – inclusive com retração de 2,5% na produção industrial em julho; (iv) cenário internacional favorável (alta gradual da taxa de juros nos EUA); (v) novas quedas do Real frente ao Dólar; (vi) elevado grau de endividamento doméstico em papéis atrelados a taxa Selic e; (vii) elevado nível da taxa de juros reais.
Mas, mesmo diante de todos os argumentos listados no parágrafo anterior, o comitê não deverá realizar uma redução na taxa de juros de forma mais "ousada" – algo em torno de 0,50 ponto percentual. A justificativa recai sobre o fato de que o cenário inflacionário para 2006 ainda não ter se consolidado em um patamar "aceitável", mesmo havendo significativa convergência das expectativas de inflação para a meta de 2006 (4,5%).
Vale destacar ainda, que a partir de agora a estratégia de política monetária implementada pelo BC/Copom já tem como alvo o ano de 2006, pois, toda e qualquer decisão deverá refletir já no início do próximo ano dada a existência da defasagem de 3 a 6 meses entre a decisão de política monetária (redução ou elevação da taxa de juros) e seu real efeito sobre a atividade econômica (produção, vendas, salários, emprego, preços, etc.).
O reajuste dos combustíveis (gasolina e diesel), anunciado pela Petrobras para vigorar a partir do último dia 10, retira um grande peso de dúvida e colabora muito para o BC/Copom optar por reduzir a taxa de juros já em setembro. Isso porque esse evento praticamente exclui por completo a possibilidade da inflação de 2006 ser contaminada por um reajuste de combustíveis, uma vez que o valor ficou acima das expectativas e, segundo a Petrobras, já corrige a defasagem que havia entre os preços dos combustíveis praticados no mercado doméstico e os praticados no mercado externo, que é a base de cálculo dos seus custos.
Porém, vale lembrar que a ausência de reajuste de combustíveis em 2006 deve ser considerada temporária, pois, ainda são grandes as incertezas que rodeiam os cenários tanto para a formação do preço do barril do petróleo quanto para a taxa de câmbio para o próximo ano. Ou seja, se o preço do barril se manter em torno de US$ 65 e a taxa de câmbio por volta de R$ 2,3-2,5/US$ não deverá ocorrer novo reajuste. Mas, se qualquer uma dessas duas variáveis se distanciar muito desses parâmetros de modo a encarecer os custos de produção da estatal um novo reajuste dos combustíveis em 2006 será inevitável!