Os acionistas da Companhia Paranaense de Energia (Copel) irão oficializar hoje a divisão da estatal em cinco novas empresas, durante assembléia geral extraordinária. As empresas atuarão nos setores de geração, transmissão, distribuição, telecomunicações e participações. A separação atende a uma exigência da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que quer mais transparência das companhias estaduais de energia. A mudança auxiliará também no processo de privatização da Copel, ainda sem data marcada.
A criação das cinco empresas obrigará cada uma a ter um Cadastro Geral de Contribuintes (CGC) específico. Elas terão uma contabilidade própria e apresentarão balanços distintos. É como se uma empresa fosse totalmente independente da outra. Além da Copel, todas as demais companhias do setor energético que não se adaptaram, terão de seguir o mesmo exemplo e se dividir.
A assessoria da Aneel informa que o novo modelo para o setor energético permitirá que haja um maior controle por parte da agência. Será possível monitorar, por exemplo, por quanto o setor de distribuição está comprando energia da empresa de geração de determinada companhia. A Aneel poderá ainda monitorar com mais clareza em qual das fase do processo de energia as tarifas estão ficando mais caras.
Outra empresa que começa a fazer sua divisão é a Companhia de Energia de Minas Gerais (Cemig). Ela corre a passos largos para conseguir se adequar à nova regra, pois está atrasada no processo. A Cemig ainda não fez a divisão dos setores em unidades de negócios, primeira fase da desverticalização.
Segundo o presidente da Copel e secretário da Fazenda, Ingo Hubert, a divisão da Copel não está relacionada com a privatização. Ingo assegura que mesmo que não estivesse em discussão a venda da Copel para a iniciativa privada a separação dos setores de geração, transmissão e distribuição teriam de ocorrer.
Mas há um consenso no governo e entre diretores da Copel de que a separação da companhia em cinco pequenas empresas facilitará o processo de venda. A Copel passa a atuar oficialmente como uma holding que controla as demais empresas. Isso já está ocorrendo na prática com as unidades de negócios que chegam, inclusive, a publicar balanços contábeis distintos.
A data de privatização da Copel ainda não está definida, mas o governo defende o final do próximo ano. O secretário da Fazenda avalia que a venda pode se concretizar apenas em 2002, devido ao processo de modelagem para a venda.
A Copel é hoje o melhor ativo que o Estado possui. A empresa tem um patrimônio líquido de R$ 7,9 bilhões e fechou os primeiros nove meses do ano com lucro líquido de R$ 288,7 milhões. O endividamento da companhia é de R$ 1,4 bilhão.