Economia

Coleta de latas vira mania e bom negócio

25 abr 2003 às 08:35

Saem os cofrinhos de moeda e entram as sacolas de latinhas. Em tempo de dificuldades econômicas, reciclar embalagens de alumínio tornou-se um bom negócio para quem precisa poupar dinheiro ou complementar a renda.

A atividade, antes restrita aos catadores de lixo reciclável, hoje atrai donas de casa, aposentados, funcionários de condomínios e até mesmo donos de bares e restaurantes, que vendem as latas de refrigerantes e cerveja consumidas pelos clientes para ajudar no pagamento das contas.


O aposentado Joaquim Raposo, 83 anos, garante R$ 60,00 mensais com a venda das latinhas recolhidas em um tradicional bar noturno de Londrina. ''Não dá trabalho e rende um dinheirinho extra'', comentou.


Quando junta um volume considerável, o genro o leva de carro até uma empresa que compra o material. O estabelecimento paga R$ 2,50 por quilo do produto, o que corresponde a mais ou menos 70 latas.


Recolhendo latinhas há seis anos, ele afirmou que está cada vez mais difícil encontrar as ''preciosidades'' na rua. ''Todo mundo guarda para vender'', disse. Em outra casa noturna, localizada às margens do Lago Igapó, o gerente Dárcio Scarbelli confirma que as embalagens de alumínio não são descartadas.


''Separamos do lixo comum e vendemos'', afirmou, acrescentando que o próprio comprador vem até o local retirar as latas, cuja venda garante R$ 200,00 mensais. ''Usamos o dinheiro para pagar contas. É um complemento de renda e evita que as latas acabem poluindo o Igapó'', comentou.


A prática de vender latinhas garante um dinheiro extra para alguns, mas acaba dificultando o trabalho daqueles que sobrevivem da catação de lixo. A Central de Pesagem e Vendas (Cepeve) - Ong de Londrina que reúne 24 grupos de coletores de lixo - vende 2,4 toneladas de latas por mês.


Verônica Cardoso Costa, coordenadora da entidade, afirmou que as embalagens de alumínio são o material mais difícil de achar: ''Ninguém mais joga no lixo. Virou complemento de renda.''


Segundo ela, nos bairros de classe média as latinhas são encontradas com maior facilidade. ''Os pobres não consomem. Nas residências da classe alta, como o consumo é grande, as crianças também guardam para vender'', relatou.
Noêmia Gomes, 55, é uma das catadoras que enfrenta dificuldades para encontrar o material.


Segundo ela, as latas entregues na Cepeve são separadas pelas residências que participam da coleta seletiva. ''Na rua é impossível achar'', disse Noêmia, que consegue R$ 300 por mês com o trabalho.

Leia mais na edição desta sexta-feira da Folha de Londrina


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