Influenciados pela incerteza sobre os resultados da guerra no Iraque, os preços do café fecharam o mês de março em queda.
De acordo com o indicador mensal do Cepea/Esalq, o café arábica tipo 6, bebida dura para melhor desvalorizou 9,4% no mês passado.
No mesmo período, a cotação do robusta tipo 6 caiu 14,3%.
O corretor Marcos Bacceti, de Londrina, analisou que a instabilidade está levando os investidores a deixarem o mercado futuro do café para aplicarem em investimentos como o ouro e o petróleo, mais atraentes na atual conjuntura.
''As vendas dos contratos de café foram muito altas no mercado internacional, derrubando os preços'', disse.
O preço médio do café arábica tipo 6, em março, foi R$ 174,97. É o menor valor desde outubro do ano passado, quando a média foi de R$ 167,72. A média do robusta tipo 6 ficou em R$ 130,25.
Em Londrina, o preço da saca do arábica tipo 6 oscilou entre R$ 163 e R$ 165, na segunda-feira. ''Em fevereiro, a cotação chegou a R$ 190'', comparou o corretor.
Segundo ele, a bolsa de Nova York fechou em alta de 2,3%, mas como o dólar desvalorizou no mercado interno, o preço continuou em baixa.
Apesar dos riscos da guerra, um cenário de alta em Nova York normalmente traria um início de semana com preços mais atraentes. ''O problema é o dólar'', analisou.
A melhoria dessa conjuntura depende da confirmação de alguns boatos que circulam entre os especuladores.
Um deles é o valor do preço mínimo do café para os contratos de opção deste ano. O governo ainda não definiu o índice, mas os produtores reivindicam a garantia de R$ 220 por saca.
Francisco Barbosa Lima, do Departamento Nacional do Café (Denac) do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) em Londrina, esclareceu que o Conselho Deliberativo de Política Cafeeira (CDPC) ainda está estudando o valor do preço mínimo, que depois será analisado pelo Conselho Monetário Nacional.
''Dependendo do resultado, o contrato de opção constituirá um balizador dos preços'', comentou.
Para o produtor Wilson Baggio, presidente do Sindicato Rural de Cornélio Procópio e da comissão técnica de café da Federação de Agricultura do Estado do Paraná (Faep), a atividade só se tornará viável se o preço mínimo ficar entre R$ 220 e R$ 230.
''No preço atual, não compensa colher o café que está na lavoura'', ressaltou. O setor também espera que o governo institua o seguro rural - prometido para este ano pelo ministro da agricultura Roberto Rodrigues - para proteger os cafeicultures de eventuais perdas por condições climáticas adversas.
O clima, aliás, é outro fator que pode influenciar positivamente os preços da commodity. Segundo Bacceti, a aproximação do inverno, aliada a boatos de que a safra brasileira não deve atingir os 28 milhões de sacas estimados pela Conab, pode trazer tensão ao mercado e melhorar os preços.