A luta na Justiça para tentar impedir a venda da Companhia Paranaense de Energia (Copel) será mais difícil do que imaginavam os membros do Fórum Popular Contra a Privatização da Copel. Eles ouviram de alguns promotores públicos federais que há poucas chances de se conseguir barrar o leilão por meio da Justiça. Representantes do fórum estiveram no Ministério Público Federal para apresentar dados e informações que poderiam boquear a idéia do governo do Estado.
O governo não se mostra sensível aos apelos para cancelamento do leilão, nem mesmo diante das consequências do ato terrorista contra os Estados Unidos que abalaram a economia mundial. O governador Jaime Lerner voltou a repetir que "não vê motivos" para adiar o leilão, marcado para 31 de outubro.
Um dos argumentos mais fortes da oposição é quanto ao preço mínimo para a Copel, que foi avaliada em R$ 4,32 bilhões. O engenheiro Aldino Beal, do Sindicato dos Engenheiros (Senge), informou que somente o governo Lerner investiu R$ 2,9 bilhões na Copel nos últimos seis anos. Ele afirmou ainda que a distribuidora gaúcha CEEE, que tem a metade de consumidores em relação à Copel, foi privatizada por US$ 3 bilhões (na época R$ 3 bilhões). Pelos cálculos do Senge, somente a Copel Distribuição valeria R$ 4,2 bilhões.
Além da distribuição, a Copel terá também os setores de geração e transmissão privatizados. "Queremos que o governo apresente na Justiça a metodologia que foi utilizada para calcular o preço mínimo", afirmou Beal.
O estudo completo sobre as irregularidades e brechas que podem gerar ações judiciais será encaminhado nos próximos dias para os promotores federais. "Mandaremos todas as atas e documentos sobre a formação de empresas pela Copel e de suas subsidiárias", disse o coordenador jurídico do fórum, Guilherme Amintas. O Ministério Público Estadual recebeu nesta quarta-feira documentação semelhante, que indica um valor de R$ 25 bilhões para a Copel.