No sul do Paraná, o primeiro dia da paralisação nacional de caminhoneiros não teve adesão maciça. Ao invés de ficarem parados em acostamentos ou postos de combustívies, os transportadores preferiram ficar em casa. Não houve incidentes entre os grevistas. A polícia rodoviária apenas acompanhou as manifestações. No início da manhã, cerca de 60 caminhões estavam parados no Posto 100, na BR-116, próximo à Ceasa, em Curitiba.
Segundo informações dos organizadores do movimento, o tráfego de veículos de carga foi reduzido em cerca de 50%. A polícia rodoviária não confirmou a queda no tráfego. A meta do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC) no Paraná é evitar o tráfego de pelo menos 80% dos 280 mil caminhões do Estado. Em dias normais, o trecho da BR-116 no Paraná tem 9.200 veículos em trânsito, em média. A polícia rodoviária não informou qual foi o movimento.
De acordo com André Felisberto, presidente do MUBC no Paraná, não dá para prever o que acontecerá nos próximos dias. "Vai ser gradativo e enquanto o governo não abrir as portas para negociar ficaremos parados", disse. Na BR-116 os grevistas não estavam impedindo a passagem de veículos de cargas. Os caminhoneiros que quisessem aderir à greve entravam no pátio do posto. Ele garante que o movimento nas estradas e postos de combustíveis está baixo porque os caminhoneiros preferiram não iniciar as viagens.
As reivindicações do movimento no Paraná são o fim da cobrança de pedágio dos caminhões até que a medida provisória do vale-pedágio seja regulamentada. Criação de uma tabela com valores mínimos para fretes por quilômetro rodado. A proposta é vincular o custo básico do frete por quilômeto a 14% do preço do litro de óleo diesel. Os caminhoneiros também requerem maior segurança nas estradas do Estado.
A polícia rodoviária federal acompanhou toda a manifestação do MUBC na BR-116. Felisberto garante que os transportadores não vão obstruir as saídas das refinarias de petróleo. "Se fizéssemos isso iríamos partir para o confronto com polícia e o que queremos é um movimento pacífico", afirma. Apesar disso, o presidente do MUBC no Paraná não descarta a possibilidade de desabastecimento de combustíveis nos próximos dias. "As empresas de caminhão tanque aderiram e estão deixando os veículos no pátio."
O caminhoneiro Joarez Bender, 42 anos, de Palmas (sul do Paraná) parou no posto 100, em Curitiba, no fim de semana passado. Ele está acompanhado da mulher e duas filhas pequenas. "Vamos ficar aqui até a situação ser resolvida", afirma. Ele disse que para fazer uma viagem de Curitiba a Ponta Grossa e voltar, cerca de 220 quilômetros, são gastos R$ 60,00 de pedágio. "Para fazer esse mesmo trecho eu não gasto mais que R$ 40,00 de óleo diesel", lembra. Uma das filhas de Joarez, Julianda Bender, completou o primeiro ano de vida ontem. Ela está desde a semana passada acompanhando os pais na viagem. A outra filha do casal, Loanda Bender, 3 anos, também acompanha os pais.
Leia mais em reportagem de Emerson Cervi, na Folha do Paraná/Folha de Londrina desta terça-feira