O microempresário Hermínio Shizuo Sakaguti paga impostos correspondentes a 19% do faturamento bruto de seu minimercado na zona leste de Londrina. Honra todos os tributos referentes à vida pessoal, como IPVA e IPTU, além de recolher a contribuição da Previdência Social que um dia, espera, lhe garantirá uma aposentadoria tranquila. Não bastasse a lista de carnês que acerta mensalmente, incluindo Imposto de Renda, Darf, ICMS, INSS e FGTS, ainda dispende dinheiro com impostos cada vez que consome bens e serviços.
Ele é um dos milhões de cidadãos brasileiros que, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), trabalham quatro meses e 13 dias por ano apenas para dar conta das taxas cobradas pelo poder público. Um estudo realizado pela instituição revela que a arrecadação tributária representa 36,45% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, valor que em 2002 correspondeu a R$ 476,57 bilhões.
Os números parecem assustadores, mas são menores que a carga tributária da União Européia, cujos países recolhem 42% sobre o PIB. Para o economista João Rezende, presidente da Companhia de Desenvolvimento de Londrina (Codel) e autor do livro ''Reforma e Política Tributária'', o problema do Brasil não está no valor da carga, mas na utilização dada ao dinheiro recolhido.
Segundo ele, as taxas brasileiras foram criadas para financiar projetos sociais.
Os recursos, porém, acabam destinados para fins diversos, como o pagamento de acordos com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e os juros da dívida interna.