Brasil, Argentina, Paraguai, Venezuela e México assinaram hoje (28/05) um acordo de integração de suas fontes energéticas, selando uma operação de socorro ao déficit do sistema elétrico nacional. O termo foi assinado por representantes do Comitê Internacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica (Cigré) durante a criação do Comitê Regional do Cigré na América Latina, em Foz do Iguaçu.
O Brasil conseguiu a garantia dos parceiros para promoverem uma ação conjunta, a médio prazo (de dois a três anos), visando desenvolver novos caminhos que permitam os países negociar energia entre si. Atualmente, o governo brasileiro importa mil megawatts (MW) da Argentina, via Rio Grande do Sul. Uma nova linha em construção permitirá até o final deste ano a compra de outros mil megawatts. A energia deve entrar via Foz, transmitida pelas linhas de Furnas.
O País também pretende comprar mais três mil megawatts da Argentina, porém ainda não sabe como enviar essa energia aos centros urbanos devido à falta de linhas de transmissão em território nacional. Os oito mil megawatts que podem ajudar o setor nacional equivalem ao consumo de oito cidades com 1,4 milhão de habitantes - porte de Curitiba.
O presidente do Cigré, no Brasil, João Batista Guimarães Ferreira da Silva, também citou como alternativa a energia produzida com petróleo na Venezuela e as termoelétricas movidas a gás natural, pela Argentina.
Silva, alerta, entretanto, que "isso não se operacionaliza num piscar de olhos, como deseja a população. Mas vamos encontrar soluções alternativas conjuntas para a crise de energia". Ou seja, por enquanto, o Brasil vai precisar contornar o racionamento nas regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste com soluções caseiras.
Além de Silva, assinaram o acordo Julian Adame Miranda (México), Antonio Roberto Adam Niel (Paraguai), Alessandro Villa (Venezuela) e Julio di Salvio (Argentina). Eles estão reunidos no 9º Encontro Regional Latino-Americano (Erlac), do Cigré.
Numa palestras proferidas ontem, o diretor técnico executivo da Itaipu Binacional, Altino Ventura Filho, apontou um lado positivo da crise energética brasileira. Para ele, o brasileiro está aprendendo a valorizar a energia consumida. Segundo ele, havia e ainda há muito desperdício, porém "as pessoas estão vendo que é possível reduzir o consumo até pela metade sem que isso diminua sua qualidade de vida".