Ao abrir a edição 2021 do Fórum de Investimentos Brasil, nesta segunda-feira (31), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que a pandemia de Covid-19 não tem poder para comprometer a longo prazo a economia do país.
"A atual crise sanitária enseja preocupações, mas não tem o poder de comprometer o longo prazo de uma das maiores economias do mundo. O Brasil está, mais do que nunca, preparado para oferecer oportunidades únicas a investidores de todo o mundo por suas potencialidades, assim como por sua segurança jurídica e econômica, que busquei fortalecer durante meu governo", disse Bolsonaro.
A edição deste ano do fórum acontece virtualmente justamente por causa da pandemia.
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O mandatário brasileiro manifestou pesar às famílias daqueles que perderam a vida pela doença e disse que mais de 20% da população nacional já tomou a primeira dose, mas não mencionou que apenas pouco mais de 13% receberam a segunda dose, o que configura a imunização.
Apesar da situação da pandemia no Brasil, que já matou mais de 462 mil pessoas, Bolsonaro falou em "evolução positiva".
"Diante dos naturais desafios que o país vem enfrentando, há evolução positiva: o Brasil já aplicou mais de 65 milhões de doses de vacina."
"Ainda há riscos no curso da pandemia, mas temos feito e continuaremos a envidar nossos melhores esforços para mitigá-los", disse Bolsonaro.
O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, disse que o Brasil apoia "posições equilibradas, flexíveis e pragmáticas, que visem a garantir, sobretudo, o acesso amplo e rápido a vacinas, com produção e distribuição as mais expeditas, elevadas e equitativas possíveis em todo o mundo, por meio de aproveitamento de capacidade produtiva disponível e transferência de tecnologia e conhecimento".
Em discurso do evento que reúne investidores de mais de cem países, Bolsonaro também abordou a questão do desenvolvimento sustentável da Amazônia, afirmando que é falso considerar opostos o desenvolvimento e a sustentabilidade.
O presidente lembrou seu discurso na Cúpula do Clima, onde abordou o que chamou de "paradoxo amazônico", contraste entre o baixo desenvolvimento da região com a riqueza ambiental.
Assim como na reunião comandada pelo presidente dos EUA, Joe Biden, nesta segunda-feira, o mandatário brasileiro voltou a cobrar compensação internacional pela preservação da Amazônia.
"A adequada remuneração do serviços ambientais prestados na região amazônica, a concretização da bioeconomia e a exploração sustentável dos recursos florestais, minerais e agrícolas de forma inovadora são imperativos para superar este paradoxo", afirmou Bolsonaro em um discurso de cerca de sete minutos.
"Desejo, sim, ver o investimento, a ciência, a tecnologia e a inovação se converterem em aumento de emprego e renda para as populações amazônicas", disse o presidente.
Em linha com o discurso ambiental do governo, o presidente da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), Augusto Souto Pestana, disse que o país "é uma economia basicamente movida a energias limpas ou renováveis; é uma verdadeira potência bioeconômica que alimenta o mundo".
Carlos França também insistiu na pauta ambiental.
"O Brasil dispõe de todos os elementos para estar na liderança das soluções ambientais. Assim nos credencia nosso patrimônio ambiental, a exemplo de nossa biodiversidade e cobertura florestal sem par e político, representado por todos os compromissos assumidos desde a Rio-92", disse França.
O Brasil tem sido fortemente pressionado por governos e investidores por preservação ambiental em um contexto de recordes de desmatamento durante a gestão Bolsonaro.
"O Brasil busca sim, na esfera ambiental, um engajamento internacional resoluto no qual cabe a todos os países assumirem compromissos em conformidade com o princípio das responsabilidades comuns, porém, diferenciadas", insistiu o chanceler.
Ainda em seu discurso, Bolsonaro disse que a expectativa no fórum é que sejam apresentados 60 projetos de investimento com valor de carteira estimado em cerca de US$ 72 bilhões.
A partir das propostas desenvolvidas no evento espera-se, segundo Bolsonaro, que o país receba US$ 50 bilhões em investimentos e gere 22 mil empregos entre 2021 e 2022.
Segundo a Apex-Brasil, esta edição do fórum conta com mais de 5.000 participantes .
"Como uma das dez maiores receptoras de investimentos estrangeiros diretos no mundo, a economia brasileira já retomou o seu crescimento e geração de empregos. A participação de tantos executivos de empresas globais relevantes neste evento reflete o interesse que partilhamos ao ver o Brasil produzir cada vez mais e melhor", disse Bolsonaro.
O presidente renovou o compromisso do governo com projetos estruturantes e reformas, embora apenas a previdenciária tenha saído do papel até aqui -a administrativa tramita na Câmara, mas não conta com apoio nem mesmo dos deputados bolsonaristas, egressos do serviço público, e a tributária voltou à fase inicial de discussão.
"Engajamos o setor privado, nacional e estrangeiro, na solução de nossos conhecidos gargalos logísticos e de infraestrutura. Queremos, a um só tempo, maior abertura e liberdade econômicas, mais competição e maior estímulo à iniciativa privada, reservando-se ao Estado, ao mesmo tempo, o papel que lhe cabe nas várias políticas públicas essenciais ao desenvolvimento", afirmou Bolsonaro.
O presidente do Brasil insistiu na intenção do país de integrar a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e defendeu o multilaralismo comercial.
"Defendemos um sistema multilateral de comércio sem protecionismo, fundamentado em regras. Por isso, buscamos fortalecer a OMC [Organização Mundial de Comércio]. Desejamos intensificar a interação econômica com nossa região, o que significa um Mercosul e uma América do Sul mais dinâmicos, livres e democráticos", disse o presidente.
O chanceler se manifestou na mesma linha. "Nosso objetivo central é uma integração firme e definitiva do Brasil às cadeias globais de agregação de valor, por meio de negociações e acordos que acarretem resultados nos âmbitos bilateral, regional e multilateral", afirmou França.
Durante a abertura do evento, o presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), Mauricio Claver-Carone, discursou e também apresentou um cenário otimista para o Brasil, prevendo crescimento sustentável e exponencial nos próximos anos.
"Acredito que vamos sair dessa crise muito mais fortes do que entramos", disse o presidente do BID, que apresentou o Brasil como um dos países mais promissores no cenário global e de maior potencial de investimento na América Latina. Claver-Carone também declarou que há um potencial econômico na Amazônia, na área de biocomércio.