Em razão dos efeitos da crise do coronavírus no país e no mundo, o Banco Central revisou a projeção para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 2020 para zero, de acordo com o relatório trimestral de inflação.
O relatório anterior, divulgado em dezembro do ano passado, estimava um aumento de 2,2%.
"A alteração da projeção está associada, principalmente, a impactos econômicos expressivos decorrentes da pandemia de Covid-19.
Adicionalmente, resultados abaixo do esperado em indicadores econômicos no final de 2019 e início de 2020 afetaram a expectativa de desempenho da atividade no primeiro trimestre", diz o relatório.
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Segundo o documento, "em termos de trajetória, a projeção para o PIB anual considera recuo acentuado do PIB no segundo trimestre, seguido de retorno relevante nos últimos dois trimestres do ano".
As simulações feitas pelo BC mostram que o PIB brasileiro é mais sensível ao PIB chinês do que ao do restante do mundo. "No contexto atual, em que as revisões para baixo nas projeções de crescimento em 2020 são maiores para a China que para o restante do mundo, tal resultado sinaliza impacto ao redor de -1p.p. sobre o crescimento da economia brasileira", diz documento.
Na semana passada, o Ministério da Economia havia cortado a projeção oficial para o crescimento do PIB em 2020 de 2,10% para 0,02%.
O documento do BC trouxe um trecho detalhando efeitos da pandemia na economia mundial e, consequentemente, brasileira.
Aponta que, até 17 de março, quando havia 291 casos confirmados e uma morte, os principais indicadores econômicos com frequência mensal ainda não refletiam os efeitos do vírus. Enquanto em fevereiro a maior preocupação era com potenciais problemas no fornecimento de insumos importados e com a demanda externa, ao longo da segunda semana de março, a atenção se voltou para a retração da demanda doméstica e as consequências das restrições impostas para conter o avanço do novo coronavírus.
Também como efeito da pandemia, o BC reduziu as estimativas de inflação para 3% em 2020, 3,6% em 2021 e 3,8% em 2022. As expectativas levam em conta taxa básica de juros (4,25%) e câmbio (R$4,75) constantes.
No relatório anterior, a projeção para era de 3,6% (2020), 3,7% (2021) e 3,9% (2022).
O crescimento do crédito também será afetado pela crise em 2020. Em comparação ao relatório anterior, houve significativa diminuição na projeção do crescimento do estoque total, de 8,1% para 4,8%, com redução nas estimativas para as variações nos saldos tanto de pessoas físicas quanto de pessoas jurídicas.
"Nesse contexto, a projeção de menor crescimento do saldo de crédito reflete cenário substancialmente mais desafiador para a atividade econômica diante da pandemia de coronavírus Covid-19, com elevação de incertezas no ambiente econômico internacional e a expressiva queda nas expectativas de crescimento para o Brasil em 2020", destaca o relatório.