A carga tributária elevada, os juros em ascensão, a alta dos preços dos materiais de construção e o aumento dos gastos com a força de trabalho pressionam os preços dos imóveis. Para manter as margens de lucro, prevê a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), nos próximos meses as construtoras deverão repassar esses custos aos compradores.
“A situação vai gerar o repasse de custo maior para o preço dos imóveis. Quem for comprar a casa própria vai encontrar preços maiores. Não tem jeito, as empresas têm de preservar as margens (de lucro)”, disse o presidente da CBIC, Renato Correia.
No momento, há uma tendência de alta nos custos de construção, medidos pelo INCC (Índice Nacional de Custo da Construção). No período de 12 meses encerrado em setembro, o índice teve crescimento de 5,48%, enquanto no mesmo intervalo, a inflação oficial do país, mensurada pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), avançou 4,42%. Ou seja, o custo da construção já ultrapassa a inflação nacional.
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“O setor da construção civil, especificamente, depende da macroeconomia. Tem que ter renda, emprego, crescimento para as pessoas terem condição e capacidade ou interesse de adquirir um imóvel. A gente precisa de juros. As taxas de juros acabam influenciando bastante o setor”, disse a presidente do Sinduscon Norte Paraná, Célia Catussi.
Embora a carga tributária seja uma das maiores preocupações para os empresários do setor, é na força de trabalho que está um dos principais gargalos. A demanda por profissionais está aquecida, mas faltam pessoas qualificadas, o que puxa para cima os salários. Assim, o componente “mão de obra” dentro do INCC subiu 7,7% nos últimos 12 meses, pressionando os custos setoriais. Outra dificuldade é treinar e reter os trabalhadores que estão no mercado.
“Todos nós da construção discutimos e nos preocupamos todo dia com esse assunto. Seja por falta de mão de obra, seja por causa da qualificação da mão de obra, ou seja, por conta da necessidade de mudança de mão de obra”, destacou o vice-presidente da CBIC, Eduardo Aroeira.
Segundo Catussi, neste ano o Sinduscon Norte Paraná calcula que o reajuste nos salários dos profissionais do setor ficou 6% acima do índice inflacionário. “O desemprego está com taxa menor e o Paraná está crescendo, é um dos estados que mais cresce, o que inflaciona o valor da mão de obra.”
Para contornar essa dificuldade, disse a presidente do Sinduscon, as empresas têm adotado algumas ações. Buscar trabalhadores fora do Paraná é uma delas, assim como reforçar os investimentos em inovação e em equipamentos, aumentando a automatização dos processos.
INSUMOS MAIS CAROS
A subida dos preços dos materiais de construção é outro desafio para o setor. Durante a pandemia, alguns insumos chegaram a ser reajustados em mais de 80%, mas terminado o período crítico da crise sanitária, os preços se acomodaram e, ao longo de todo o ano passado, foi registrada redução. Agora, em 2024, essa situação se reverteu e desde março, os insumos começaram a registrar aumento, acumulando alta de 3,89% em 12 meses.
“Os custos dos materiais estão pressionando, o governo está falando em aumento do aço e também a parte da mão de obra que a gente está sendo pressionado”, disse Catussi. Um dos principais reflexos dessa alta é o reajuste do preço do metro quadrado. “Uma preocupação é com a reforma tributária, como ela vai influenciar esse custo do metro quadrado. Vários vetores vêm pressionando os preços”, ressaltou a presidente do Sinduscon Norte Paraná.
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