Brasília – A diretoria da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados) reúne-se amanhã (10) para elaborar os termos do pedido de salvaguardas contra as importações da China. O setor está levantando dados para comprovar a entrada de produtos a preços abaixo do custo e a prática de contrabando.
"Nós corremos o risco de aniquilar toda a indústria calçadista nacional, apesar de sermos o terceiro produtor mundial", alerta o presidente da entidade, Élcio Jacometti. Segundo ele, o empresariado brasileiro sofre por aspectos internos, como as altas taxas de juros e os impostos a pagar, enquanto o chinês convive com juros de 3% ao ano e exportações completamente desoneradas.
"A China é muito voraz, pratica um dumping insuportável, contrabandeia muito e subfatura muito. Infelizmente é muito difícil você competir em desigualdade. Nós não queremos subsídios, o que sempre pedimos foi igualdade de competitividade", diz Élcio.
Para dar um exemplo de subfaturamento, um par de sapatos que normalmente entraria no Brasil por US$ 12,00 vem da China a US$ 0,50. "É inacreditável que a nossa aduana deixe passar um sapato num preço tão baixo, sendo que com esse preço você não consegue comprar um cadarço de sapato".
O que preocupa os empresários calçadistas é a velocidade com que aumentam as importações. Segundo os dados da Abicalçados, de janeiro a agosto, entraram no Brasil 9,4 milhões de pares de sapatos, o que representa crescimento de 116% em relação ao mesmo período do ano passado. Pelas projeções da associação, se as barreiras não forem impostas, no próximo ano entrarão 25 milhões de pares. "Os danos podem ser muito grandes", comenta o representante do setor industrial que emprega atualmente 300 mil pessoas.