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Tragédia

Colegas de vítimas de acidente aéreo tentam retomar rotina em meio ao luto em Cascavel

Mariana Zylberkan e Zanone Fraissat - Folhapress
13 ago 2024 às 09:15

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- Divulgação/Cenipa
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Normalmente bastante movimentada e com horários disputados, a clínica radiológica que funciona há 27 anos no centro de Cascavel (PR) amanheceu fechada na manhã desta segunda-feira (12). 


Os laços pretos colados no portão de vidro escancaram o clima de luto na cidade, de onde o médico radiologista José Leonel Ferreira, dono do centro de imagem e uma das vítimas do acidente da Voepass, era morador ilustre.

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A poucos metros de distância, no cartório em que Adriana Maria Dalfovo Santos, outra vítima, trabalhava, um laço preto desfeito estava disposto sobre a mesa da recepção. Colegas atendiam os clientes com os olhos marejados, e o silêncio dominava.

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A aeronave que seguia de Cascavel para Guarulhos, na Grande SP, caiu em Vinhedo (SP) na última sexta-feira (9). Todas as 62 pessoas a bordo morreram no acidente, das quais ao menos 22 viviam na cidade do Paraná, que tenta retomar a rotina ainda com o peso da ausência dos que se foram.

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"Hoje foi o dia mais difícil, remarcamos algumas consultas porque sabíamos que seria difícil, e os pacientes entenderam", disse Lucian Lucchesi, coordenador de residência clínica do Hospital do Câncer de Cascavel, que tinha as residentes em oncologia Arianne Risso e Mariana Belim em seu corpo médico. "Cada uma atendia de 15 a 20 pessoas por dia."

A manhã de segunda começou com uma oração coletiva no saguão do hospital, conduzida pelo capelão da instituição.

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Faixas pretas foram fixadas nas portas dos consultórios onde as médicas atendiam junto às placas com seus nomes, mas tiveram que ser removidas para evitar confusão quando as salas foram ocupados por outros profissionais para dar continuidade às consultas agendadas.

Mariana e Arianne partiram de Cascavel rumo a Curitiba na última sexta para participar de um evento sobre oncologia no setor público. Pegaram juntas o voo da Voepass e fariam a conexão em Guarulhos.

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Com pelo menos 8 corpos reconhecidos, investigadores devem encerrar trabalho em Vinhedo nesta segunda
De acordo com informações do MPPR (Ministério Público do Paraná), até as 18h deste domingo (11), pelo menos oito corpos já haviam sido identificados. Dois alvarás de cremação foram autorizados pelo TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo).


"Era o primeiro evento desse tipo a que elas iriam, fiquei feliz de proporcionar isso a elas", diz o coordenador que recebeu os convites da empresa organizadora e indicou as colegas. "Era uma oportunidade incrível de fazerem networking e se manterem atualizadas. Quando eu ofereci, nem titubearam."

Com nove vítimas ligadas à instituição, entre elas quatro professores, três ex-alunos e duas médicas do Hospital Universitário, a Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) fez um ato ecumênico no fim da tarde desta segunda para homenageá-las.

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"É o momento mais triste da história da Unioeste. Não vamos mais encontrar o professor no laboratório, o colega na sala de aula, o médico no hospital ou nos corredores falando de futebol. É tudo muito triste, estamos de luto", disse o diretor do campus Cascavel, Geysler Rogis Flor Bertolini.

Os pais da pediatra Sarah Sella Langer, médica intensivista do Hospital Universitário, compareceram ao ato e foram abraçados pelos colegas da filha. Aplausos, orações e canções fizeram parte da homenagem, realizada em um local chamado de espaço espiritual. Nas salas de aula próximas, alunos e professores mantinham a rotina de estudos.

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Uma faixa dos alunos em agradecimento a Deonir Secco, professor de engenharia agrícola, foi instalada na entrada do campus. Um laço preto em menção ao luto também foi colocado no portão de entrada.

Enquanto as famílias aguardam a liberação dos corpos pelo IML (Instituto Médico Legal) de São Paulo, a Prefeitura de Cascavel organiza o centro de eventos municipal para a possibilidade de parentes se interessarem por um velório coletivo.

Panos pretos serão usados para delimitar os espaços reservados às pessoas próximas das vítimas. Funcionários da prefeitura levaram vasos com plantas e móveis de madeira para servirem de suporte aos caixões.

Do lado de fora foram instalados três mastros com as bandeiras do Paraná, do Brasil e da cidade de Cascavel hasteadas a meio mastro.


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Investigação de acidentes como o da Voepass pode levar anos até conclusão
Investigações de acidentes aéreos como o que deixou 62 mortos em Vinhedo, no interior de São Paulo, costumam levar anos até que sejam concluídas e até que alguma responsabilidade seja apontada.
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