O estoque clandestino e o uso ilegal de cilindros de gás foram as prováveis causas da explosão que matou três homens, feriu 17 pessoas, sendo que deixou três em estado grave, na manhã desta quinta-feira (13), no restaurante Filé Carioca, na Praça Tiradentes, no centro do Rio de Janeiro. O impacto quebrou janelas até o 9º andar do edifício Riqueza. O deslocamento de ar projetou um dos corpos por 35 metros.
A tragédia ocorreu às 7h21, depois que os funcionários tentaram sem sucesso controlar um vazamento de gás. O tremor foi sentido em outros prédios e levou pânico aos hóspedes de um hotel da cadeia Formula 1, vizinho ao restaurante.
De acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Sérgio Simões, o condomínio do edifício Riqueza foi notificado sobre a proibição do uso de gás em agosto de 2010. Ele mostrou um laudo com o parecer de que "a edificação não foi aprovada para a utilização de gás combustível seja sob a forma de cilindro de GLP ou canalizado, não sendo admitido abastecimento de qualquer tipo de gás combustível sem a prévia autorização da DGST (Diretoria Geral de Serviços Técnicos)". No entanto, o restaurante continuou funcionando da mesma forma.
O presidente da Sociedade Amigos da Rua da Carioca e Adjacências (Sarca), Roberto Cury, disse que há um mês compareceu a uma reunião no restaurante e viu botijões no local. A CEG, concessionária de fornecimento de gás do Rio, informou que desde 1961 não abastecia o prédio por falta de estrutura do local. Após a explosão, os bombeiros recolheram três botijões de gás de 13 litros. Funcionários revelaram que o fogão era abastecido por uma bateria de cilindros de gás interligados, que tinham apresentado vazamento na última terça-feira.
O atendente Renato Fiel afirmou que o equipamento de gás do restaurante era operado de forma precária. Segundo ele, os seis cilindros de grande porte ficavam no subsolo do estabelecimento, onde os funcionários trocavam de roupa antes e depois do expediente. "Quem ficava responsável por mexer nos cilindros de gás era o próprio cozinheiro. Por isso aconteceu o que aconteceu", disse.
O proprietário do Filé Carioca, Carlos Rogério do Amaral, de 47 anos, que pode ser indiciado por homicídio culposo, foi internado em estado de choque no Hospital Quinta D''Or e não comentou a tragédia. O advogado do restaurante, Bruno Castro, informou que a empresa vai prestar toda a assistência necessária às vítimas da explosão e que foram contratados peritos particulares para investigar as causas do acidente.
A funcionária do Filé Carioca, Michelle Medeiros Santos, de 29 anos, esteve no restaurante momentos antes da explosão. "Cheguei às 7 horas e o seu Antônio, o cozinheiro, pediu que eu saísse e não deixasse ninguém entrar, mas entrei com ele e senti um forte cheiro de gás. Havia dois outros rapazes lá dentro. Um era Egídio e tinha outro menino que não sei o nome. Saímos todos, mas eles ficaram na porta. Eu andei e pouco depois ouvi a explosão", contou. Ela ainda teve que identificar os dois colegas mortos.