A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse nesta segunda-feira (2), que o plano nacional contra a dengue -em vias de finalização no governo- tem como objetivo reduzir o impacto da doença, mas não eliminá-la.
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"Nós sabemos que não há condições de eliminar a dengue. Ela aparece há 40 anos, alguns anos mais forte, outros menos, e agora ampliou muito a escala", disse a ministra, na manhã desta segunda-feira em reunião do GT (Grupo de Trabalho) Saúde do G20, evento que reúne, até amanhã, em Natal (RN), representantes das 19 maiores economias do mundo além da União Europeia e da União Africana.
Segundo a ministra, o pacote de medidas do governo virá com o foco tanto no controle do vetor, o mosquito Aedes aegypti, quanto no "esforço para reduzir o número de casos". O lançamento está previsto para a primeira quinzena deste mês.
Ações de médio e longo prazo estão programadas. Uma delas, já antecipada pela Folha de S.Paulo, é a estratégia da Wolbachia, um gênero de bactéria que é geneticamente modificada e inoculada no Aedes para impedir novas gerações do mosquito de transmitir a dengue.
"Mas existem várias estratégias tecnológicas além do trabalho fundamental dos agentes de endemias e da responsabilidade da sociedade. Nesse plano, nós queremos esclarecer os papéis de todo mundo e como nós podemos unir forças para essa finalidade de reduzir o impacto da doença", reforçou a ministra, dizendo ainda que vão trabalhar com ações para 2025 de médio e longo prazo.
No caso da vacina, ela voltou a citar a do Instituto Butantan como "grande aposta" do governo, mas ressaltou que campanhas de vacinação não estarão no centro das medidas para o curto prazo, já que a vacina ainda está em fase de testes aguardando aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
"Além disso, vamos reforçar toda a rede de saúde para dar assistência adequada, porque a dengue é uma doença que nós conhecemos, é tratável, principalmente com hidratação, então temos tudo para reduzir o seu impacto", afirma.
A ministra disse à reportagem que a possibilidade de ampliação do público-alvo da vacina será estudada neste mês e, sem dar detalhes, ressaltou que a pasta vai trabalhar para que os jovens -que são prioridade hoje na campanha, mas registram baixa procura pela segunda dose- reforcem a proteção. Atualmente, a vacina é ofertada na rede pública para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos.
"Nós vimos no ano passado um aumento exponencial de casos, que tem a ver com questões de cuidados, de urbanização e de mudanças climáticas muito fortemente. Então, sim, a dengue é uma preocupação e um grande desafio, mas nós estabelecemos responsabilidades do governo federal, dos estados, dos municípios e estaremos preparados para um melhor enfrentamento".
Cenários que envolvem circulação dos diferentes sorotipos (os tipos de vírus da dengue) e possibilidades de aumento de transmissão também estão sendo analisados pela pasta. Trindade não disse quando os resultados desses estudos serão divulgados.
Nesta segunda no encontro, a ministra propôs a produção de medicamentos e vacinas como "agenda global" do grupo de países envolvidos. O encontro foi realizado a portas fechadas, sem a participação da imprensa. A expectativa é que um acordo na área seja assinado em reunião ministerial, no fim de outubro.
A ministra ressaltou a expectativa de que universidades e outras instituições do Nordeste tenham participação ativa em ações voltadas à produção nacional e à inovação nesse campo. O tema já vem sendo discutido com estados como Rio Grande do Norte e Bahia.
Uma dessas ações foi a assinatura de um contrato com o governo do estado do Rio Grande do Norte e com a Caixa Econômica Federal para construção do Hospital Metropolitano do Rio Grande do Norte, obra incluída no PAC-3 (Programa de Aceleração do Crescimento).
Segundo a governadora, Fátima Bezerra, serão quase R$ 190 milhões em investimentos. A expectativa é que a unidade seja entregue em 2026.
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