Por recomendação policial, a família do brasiliense Artur Paschoali, de 19 anos, desaparecido no Peru desde 21 de dezembro, está oferecendo recompensa entre R$ 200 e R$ 400 a quem der alguma informação que permita a localização do rapaz. "Não há um valor estipulado, até porque não somos ricos. Mas a tática é válida para alcançar o máximo de colaboração e alguma pista nova. A região é perigosa e as pessoas são em geral carentes e fechadas", explicou Susana Paschoali, mãe de Arthur.
Desde o último dia 2 de janeiro, ela e o marido, Wanderlan Vieira, estão na cidade de Santa Teresa, onde o rapaz trabalhava há três meses, na região turística de Machu Picchu. A notícia da recompensa foi difundida por emissoras de rádio e redes sociais, mas não surtiu ainda o efeito desejado, aumentando a frustração dos familiares. Nesta terça-feira (8), três das quatro equipes de busca retornaram da montanha sem pistas do rapaz. Apenas uma equipe, da qual fazia parte o pai do garoto, ainda não havia retornado até o início da noite desta terça.
O Itamaraty designou um diplomata da embaixada brasileira em Lima para acompanhar as buscas junto com a família. O jovem desapareceu quando teria saído supostamente para tirar fotos de Machu Picchu, seguindo uma trilha que dá acesso à histórica cidade, conhecida como Caminho Inca. A mãe dele desconfia dessa versão porque o filho era muito precavido quando se tratava de ir a campo. "Até agora, não encontramos nenhum vestígio dele nos lugares onde se supunha que ele passou", disse Suzana. "Não sabemos mais o que pensar", lamentou.
O mais estranho, segundo ela, é que Artur saiu do alojamento em que vivia, no sótão do restaurante do hotel onde trabalhava, apenas com a máquina fotográfica e sem qualquer equipamento de fazer trilha. "Ele não levou saco de dormir, equipamento de acampar, nem mesmo o canivete ou o inseparável violão. É como se ele fosse ali rapidinho fazer uma foto para pôr no Facebook", relatou a mãe.
Fotos
Suzana observou que o filho costumava postar fotos e lhe mandar mensagens pelo Facebook a cada três ou quatro dias. Desconfiou que algo estava errado ao não receber a mensagem no final do ano. Uma moradora do povoado de Fahuayaco disse ter feito comida para um rapaz com as características de Artur em 28 do mês passado, mas a pista não se confirmou. A partir de agora, as equipes vão estender a varredura para o outro lado da montanha, na região de Chiabamba, que dá acesso a Cusco apenas por terra.
Várias hipóteses são consideradas pela polícia. Uma delas é que ele possa ter sido assaltado, agredido ou perdido a memória ao levar uma pancada na cabeça, por exemplo. Há até quem sugira que ele possa ter sido sequestrado pelo grupo guerrilheiro Sendero Luminoso, a hipótese mais improvável. "Não sabemos o que pensar. Conheço meu filho e sei que não era do perfil dele sair para acampar sem levar os equipamentos", disse Susana.
Apesar das notícias frustrantes, a família não perdeu a esperança. "Temos fé e energia para continuar as buscas o tempo que for necessário", disse a mãe do rapaz. "Temos recebido manifestações de apoio de todas as partes do Brasil e gestos de carinho dos peruanos. A polícia e as autoridades têm se empenhado ao máximo e isso tudo nos conforta e nos renova as energias", disse ela.