Uma comissão de engenheiros especializados em estruturas, convocada pelo Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, divulgou quarta-feira (15) as primeiras avaliações sobre o que pode ter motivado a queda do Edifício Liberdade, que arrastou outros dois prédios no desmoronamento do dia 25 de janeiro, no centro da cidade.
Os engenheiros afirmaram que somente a ruptura de um pilar poderia ter provocado o desabamento da forma como aconteceu, quase que instantaneamente, sem emitir sinais na estrutura que desse tempo para as pessoas fugirem.
Para o vice-presidente do Clube de Engenharia, Manoel Lapa, a causa definitiva ainda não é conhecida, mas existem evidências do que pode ter ocorrido. "A experiência de nossos profissionais nos indica que esse tipo de acidente normalmente ocorre por imperícia em alguma obra que não esteja sendo devidamente acompanhada por profissional habilitado. É possível que, na execução dessas obras, um pilar tenha sido danificado. Essa é a causa mais provável", disse Lapa.
Segundo ele, um furo feito em um pilar pode afetar sua capacidade, fazendo com que ele não tenha mais condições de resistir, levando tudo venha a baixo.
O engenheiro Gilberto do Valle, um dos seis integrantes da comissão, foi mais taxativo: "A única coisa certa é que um prédio com 70 anos não cai, a não ser que tenha sua estrutura agredida de alguma maneira. Quebrar uma viga não destrói um prédio. Quebrar uma laje não destrói o prédio. Mas, se quebrar um pilar, você destrói o prédio".
A comissão do Clube de Engenharia apresentou sugestão de projeto de lei à Câmara de Vereadores, estabelecendo obrigatoriedade de obtenção de certificação de inspeção predial em todas as edificações que sejam habitadas por mais de uma família.
Também foi sugerida a criação de um banco de dados informatizado de projetos de arquitetura, instalações e estruturas de edifícios, mantido pela prefeitura, além da inclusão, na legislação municipal, da obrigação de licenciamento para obras internas dos imóveis.