O procurador Leonardo Azeredo dos Santos, do MP (Ministério Público) de Minas Gerais, reclamou do salário mensal de R$ 24 mil em uma reunião no início de agosto na Câmara de Procuradores que discutia o orçamento do MP para 2020.
Azeredo pediu a palavra na reunião, que teve a presença de Antônio Sérgio Tonet, procurador-geral de Justiça em Minas Gerais, e fez um desabafo. "É um salário relativamente baixo, sobretudo para quem tem filhos e mulher", afirmou.
Tonet informou que, caso Minas Gerais assine o acordo de recuperação fiscal com o Governo Federal, não serão concedidos reajustes salariais.
"Como é que o cara vai viver com R$ 24 mil?", acrescentou o procurador que relatou ter baixado a fatura do cartão de crédito de R$ 20 mil para R$ 8 mil.
O procurador também disse que já está baixando seu padrão de vida "bruscamente" e que "infelizmente não tem origem humilde e não está acostumado a tanta limitação".
"Eu quero saber se Vossa Excelência já planeja alguma coisa, dentro da sua criatividade, para melhorar nossa situação. Ou vamos ficar nesse 'mizerê' aí?", reclamou o Azeredo.
"Será que vamos ter que virar pedintes? Será que estou pedindo muito para o cargo que ocupo?", complementou.
Em nota, o MPMG informou que, em vista da crise financeira do Estado, está adotando medidas de austeridade para aumentar "a eficiência administrativa e reduzir os gastos, principalmente com pessoal".
Confira a nota na íntegra:
"Em relação à 5ª sessão extraordinária da Câmara de Procuradores, realizada no dia 12 de agosto, para discussão da proposta orçamentária para 2020, na qual houve manifestação de cunho pessoal de um dos integrantes do colegiado sobre a política remuneratória da instituição, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) informa que não há nenhum projeto em andamento sobre a adoção de benefícios pecuniários para a carreira de membros (procuradores e promotores de Justiça) ou de servidores, em vista da grave crise financeira vivenciada pelo estado e da necessidade de observação da Lei de Responsabilidade Fiscal para gastos com pessoal.
Frente a essa realidade o MPMG informa ainda que vem tomando medidas de austeridade para aumentar a eficiência administrativa e reduzir os gastos, principalmente com pessoal. Esse conjunto de medidas tem se mostrado eficiente para manter o Ministério Público dentro do limite legal de 2% da Receita Corrente Líquida.
Diante da mencionada crise financeira e no intuito de garantir a capacidade da instituição de continuar atendendo às necessidades atuais e futuras da sociedade, a administração e os colegiados do MPMG (Câmara de procuradores de Justiça e Conselho Superior do Ministério Público) vêm debatendo continuamente a respeito de novas medidas que possam vir a ser tomadas sem, entretanto, haver ainda definido sobre tais iniciativas".
(*Sob supervisão do editor on-line, Rafael Fantin)