A inteligência da polícia de São Paulo detectou uma mensagem da cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) determinando o repasse de R$ 200 mil da organização para seus homens no Amazonas, a fim de o grupo comprar armas e munições para combater os bandidos da Família do Norte (FDN), facção responsável pelo massacre de 56 presos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus.
O envio de dinheiro ao Norte é mais uma das ações da cúpula do PCC para enfrentar seus rivais da FDN e do Comando Vermelho (CV). Na semana passada, a polícia detectara o envio de fuzis para criminosos da Amigo dos Amigos (ADA), facção carioca que se aliou ao PCC na luta contra o CV e a FDN.
"O que está por trás de tudo isso é a rota do Solimões do tráfico", diz o secretário da Administração Penitenciária de São Paulo, Lourival Gomes. Desde o massacre no Compaj, em 2 de janeiro, Lourival transferiu 14 presos do CV de prisões dominadas pelo PCC para uma no oeste paulista - o lugar é mantido em sigilo pelo secretário.
Eles se juntaram a outros 60 que haviam sido removidos em 19 de outubro, pouco depois do início da guerra entre as facções. Além deles, também foram isolados no mesmo presídio um detento ligado à facção paraibana Okaida (uma referência à organização terrorista Al-Qaeda) e dois detentos que são do Primeiro Grupo Catarinense (PGC), ambos são rivais do PCC em seus Estados.
Além dos grupos de outros Estados, o PCC, com seus dez mil integrantes, enfrenta em São Paulo a oposição de duas pequenas facções: o Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade (CRBC) - que contaria com cerca de 50 a 100 integrantes - e do Terceiro Comando da Capital (TCC). Para a SAP, outras três facções, Cerol Fino (liderada por Marco Paulo da Silva, o Lúcifer), Seita Satânica e Comando Democrático da Liberdade (CDL), estão desarticuladas.