Deputados da oposição na Câmara dos Deputados anunciaram nesta terça-feira, 8, a formação de um movimento suprapartidário para pedir a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A informação foi antecipada pelo Estado. Parlamentares informaram ainda que vão lançar na próxima quinta-feira, às 11 horas, um site que terá uma petição pública para recolher assinaturas que chancelem o pedido de afastamento de Dilma.
O líder tucano na Câmara, deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP), disse que "não suporta mais três anos e meio de governo da presidente Dilma". "Vamos começar as conversas com a finalidade de convencer os parlamentares disso", disse, afirmando que ainda não há estimativa de quantos deputados já fazem parte do movimento. "Não temos número, mas temos parlamentares do PSC, PSDB, PPS, DEM e Solidariedade."
Apesar de não citar o PTB, hoje a presidente da sigla, Cristiane Brasil (RJ), passou a integrar o movimento. Filha do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), a parlamentar participou nesta tarde de uma reunião com os organizadores do movimento. Ao sair, Cristiane disse à reportagem que faria parte do movimento, mas que a legenda que comanda permanecerá independente. Na Câmara, o PTB integrava a base governista, mas, insatisfeito com o tratamento que vinha recebendo do Palácio do Planalto, optou pela independência.
O líder do Solidariedade, Arthur Maia (BA), disse que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, terá a obrigação de colocar os pedidos de impeachment para serem votados. "O Brasil quer o impeachment. Ou ele acata ou faremos um recurso ao Plenário", afirmou. Até a semana que vem, a cúpula do movimento espera o resultado da análise de possíveis embasamentos jurídicos para o pedido de impeachment.
Duas peças que estão sendo analisadas são as dos juristas Hélio Bicudo, fundador do PT, e Miguel Reale Júnior. Segundo Sampaio, a tendência é que o movimento apoie o pedido formulado por Bicudo. A ideia inicial era montar uma frente parlamentar. No entanto, como isso exigiria assinaturas, os parlamentares preferiram criar um movimento para preservar quem não quer se expor e para evitar cooptação de membros por parte do governo.
A ideia amadureceu em encontro realizado há duas semanas na casa do deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) em Brasília. Um integrante do PSDB disse que o movimento terá, além de site, material gráfico, e promoverá interação através de redes sociais. A intenção é criar um canal de diálogo mais amplo com os movimentos de rua que defendem a saída da presidente Dilma.
Além disso, os idealizadores do movimento pretendem garantir a maioria necessária para levar adiante um processo de impeachment na Casa. Pelo roteiro desenhado pelos opositores de Dilma, o presidente da Câmara rejeitaria o pedido de impeachment para não se comprometer. Um partido de oposição apresentaria recurso que seria apreciado pelo plenário da Casa. Caso consiga mais da metade dos votos dos deputados presentes na sessão, o grupo aprovaria o requerimento, abrindo assim o processo.