Em um vídeo divulgado no último sábado (6), o escritor Olavo de Carvalho disse que irá derrubar o governo de Jair Bolsonaro (sem partido), se o presidente continuar "inativo e covarde".
Olavo afirma que existe há décadas um "gabinete do ódio anti-olavista" e reclama que seus "pretensos amigos" não fizeram nada para ajudá-lo. "Há décadas os comunistas já tinham milícias anti-olavistas. O primeiro gabinete do ódio não foi nem contra o Bolsonaro, foi contra mim. Foi uma coisa monstruosa."
O guru de Bolsonaro alega que existiram mais de cem mil páginas com calúnias e difamações na rede social Orkut. Como o site saiu do ar em 2014, o escritor afirma que esse material foi perdido.
"O anti-olavismo é um fenômeno inédito no mundo", continua Olavo, batendo com as mãos sobre a mesa. "Nunca houve um massacre jornalístico e judiciário desse tamanho contra um pessoa. Nem contra líderes revolucionários nem contra narcotraficantes."
"Mas se você não processa esses caras, eles processam você e te acusam de fazer a mesma coisa que eles fizeram."
O escritor foi processado por Caetano Veloso e condenado em 2017 a retirar das suas redes sociais uma acusação de pedofilia contra o cantor. Olavo não cumpriu a decisão, e precisa pagar um multa de R$ 2,8 milhões.
"E o que Bolsonaro fez para me defender? Bosta nenhuma. Aí vem com condecoraçãozinha. Enfia a condecoração no cu. Porque eu fui seu amigo, mas você nunca foi meu amigo. Quantos crimes contra o Olavo você investigou, seu Bolsonaro? Nenhum. Você nem se interessou", diz Olavo.
O escritor, então, afirma em tom de irritação que Bolsonaro "vê bandidos cometendo crimes em flagrante mas não faz nada contra." "Esse pessoal não consegue derrubar seu governo? Continue inativo, continue covarde e eu derrubo essa merda desse seu governo, governo aconselhado por generais covardes ou vendidos", diz Olavo.
Nos últimos meses, Olavo tem criticado as medidas de Bolsonaro através de suas redes sociais. Em março deste ano, o escritor disse que o presidente não enfraqueceu os seus inimigos e ainda "adaptou-se ao sistema", o que, para Olavo, significa um "suicídio político."
Neste domingo (7), o escritor voltou a falar do presidente em sua página no Facebook, em tom mais calmo, mas sem poupar críticas. "Ainda estou do lado do Bolsonaro. Lutarei por ele com todas as minhas armas. Mas ele que não espere mais de mim palavras doces que só podem ajudá-lo a errar", publicou.
Bolsonaro enfrenta o seu pico de rejeição desde o início do mandato, em janeiro do ano passado. Segundo pesquisa Datafolha da semana passada, 43% dos brasileiros consideram o governo ruim ou péssimo. Recorde na gestão, esse número era de 38% no levantamento anterior, no final de abril.
Por outro lado, 33% dos brasileiros consideram sua gestão ótima ou boa. Já aqueles que acham o governo regular, potenciais eleitores-pêndulo numa disputa polarizada, são 22%.
De acordo com a mesma pesquisa, as possibilidades de impeachment e de renúncia do presidente continuam dividindo a população praticamente ao meio.
Disseram que o Congresso não deve abrir processo para afastar o presidente 50% dos entrevistados. Para 46%, o Legislativo deveria dar início ao processo. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Em relação à renúncia, 50% acreditam que o presidente não deve renunciar, enquanto a taxa de quem defende a renúncia de Bolsonaro atingiu 48%