O Ministério Público (MP) do Rio denunciou à Justiça, com pedido de prisão preventiva, o traficante Márcio Nepomuceno dos Santos, o Marcinho VP, e o pastor Marcos Pereira da Silva, da Assembleia de Deus dos Últimos Dias (Adud), pelo crime de associação para o tráfico. De acordo com o MP-RJ, a associação da dupla para o tráfico de drogas começou em 1993, quando pastor Marcos fazia trabalho de evangelização em presídios, delegacias e comunidades dominadas pelo tráfico.
Naquela época, Marcinho VP começava a ascender na estrutura do Comando Vermelho, maior facção criminosa do Rio, da qual é hoje um dos principais chefes. A denúncia diz que, no início, o pastor agia como "pombo-correio", levando ordens de chefes do tráfico que estavam presos para as comunidades onde atuavam.
Ele tiraria proveito do fato de ter acesso aos presos como pastor. No início dos anos 2000, o religioso passou a filmar as supostas ações de resgate, nas quais ele aparecia para salvar alguém que havia sido condenado à morte pelo "tribunal do tráfico" ou para conter rebeliões em unidades prisionais. De acordo com o MP, tudo não passava de encenação.
Segundo a denúncia do MP, em 2006 o pastor repassou ordens de traficantes presos aos comparsas soltos em favelas para promover os ataques a bases policiais e ônibus no Rio. A onda de violência foi uma forma de os traficantes protestarem contra o programa de isolamento deles em presídios federais, com a implantação do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). O religioso está preso preventivamente desde maio acusado de estuprar duas fiéis da igreja.