Chega a 46 o número de mortes em consequência dos deslizamentos de terra ocorridos no réveillon em Angra dos Reis, no litoral sul fluminense.
Até o fim da tarde desse domingo (3), cinco corpos haviam sido encontrados, um na Enseada do Bananal, em Ilha Grande, onde 29 pessoas morreram e três ainda estão desaparecidas, e quatro no Morro da Carioca, no centro de Angra, aumentando para 17 o número de vítimas. Ali, duas crianças foram encontradas com a ajuda de cães farejadores e, no fim da tarde, os corpos de dois adultos foram retirados dos escombros com a ajuda de uma retroescavadeira.
Foi necessária a demolição de duas casas interditadas para que a máquina chegasse ao local do deslizamento. Três pessoas continuam entre os escombros, entre elas duas crianças. Por volta das 20h, os bombeiros encerraram os trabalhos devido à pouca luminosidade. Os trabalhos recomeçam às 7h de hoje.
Durante todo o dia e parte da noite de ontem, dezenas de moradores subiam e desciam o morro para retirar seus pertences das casas. Idosos e crianças, voluntários, bombeiros e homens da Defesa Civil ajudaram no transporte de eletrodomésticos, móveis, roupas e objetos dos moradores das casas próximas ao local do acidente.
Moradora do Morro da Carioca há 30 anos, a professora Ana Cláudia dos Santos Pereira disse que embora sua casa não esteja interditada, todas as casas acima de sua residência devem ser demolidas pela Defesa Civil. Ela, o marido e o filho vão ficar na casa de parentes.
"Eu não volto para cá. Vou esperar para ver? Vamos procurar uma casa para alugar. Pelo menos até passar o período de chuva, que é o mais perigoso e que deve durar uns três meses, não piso mais aqui." Ana Cláudia disse ainda que os deslizamentos são comuns em Angra, mas que nunca viu tamanha tragédia. "A gente estava em casa por volta da 1h do dia 1º. De repente, acabou a luz e só ouvimos pessoas gritando, gente chorando, porque havia perdido a família. Horrível."
A aposentada Dalila Penha Silva teve a casa interditada pela Defesa Civil e está na casa de amigos com os filhos. Ela afirmou que quase foi soterrada na noite da tragédia. "Eu estava na casa da vizinha e ouvi o estrondo. Estava saindo para ver o que tinha acontecido, mas meu neto me puxou na hora. Infelizmente, perdemos muitos amigos".
A casa do aposentado Aldenir Alvim Moreira está localizada na parte de baixo do morro, longe da área do acidente. Ainda assim, ele disse que todos os moradores do morro estão apreensivos por causa da temporada de chuva. "Se chover, vai ter que evacuar a área toda. Tem muita pedra para rolar ainda e se for muito grande pode passar por cima das casas lá em cima e chegar cá embaixo. Por isso, ninguém está dormindo direito. O morro está todo condenado".
Quase 1.000 pessoas desabrigadas ou desalojadas estão em escolas e abrigos da prefeitura, casas de parentes ou amigos. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou que caso chova nas próximas horas, a Rodovia Rio-Santos será novamente interditada por medida de segurança.
A Defesa Civil do Rio informou que, em todo o estado, 68 pessoas morreram.