Brasil

Moradores teriam ajudado tráfico a levar motos de pátio no Rio de Janeiro

07 jan 2015 às 21:29

Traficantes do Morro da Pedreira, em Costa Barros, na zona norte do Rio de Janeiro, roubaram 193 motocicletas que tinham sido rebocadas ou apreendidas e estavam no depósito do Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio (Detro) em Coelho Neto, também na zona norte da cidade. Os criminosos invadiram o local por volta de 4h30 de 31 de dezembro, renderam os dois vigias, abriram as portas do pátio e teriam contado com a ajuda de moradores da comunidade para tirar os veículos (os melhores e mais novos modelos, de cerca de 3 mil que lá estavam).

O roubo teria sido comandado por Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, apontado como líder do tráfico de drogas no Morro da Pedreira. Uma testemunha contou à polícia que, acompanhado de cerca de 30 homens armados e outros 200 moradores da comunidade (entre eles, mulheres e crianças), o traficante mandou que os seguranças abrissem os portões e anunciou: "Presente de Natal". Os veículos - grande parte sem as chaves, já que tinham sido apreendidos - teriam então sido empurrados até a comunidade, que fica próxima ao depósito.


97 motocicletas foram devolvidas nesta quarta-feira ao depósito, de acordo com a Polícia Civil. Com a repercussão do caso, os traficantes temiam uma operação policial no Morro da Pedreira, que fica no complexo de favelas do Chapadão, hoje uma das principais áreas de domínio do tráfico no Rio. A polícia não acompanhou as devoluções ou prendeu os responsáveis por fazê-las; segundo um investigador da 40ª DP (Honório Gurgel), responsável pelo caso, os traficantes teriam colocado moradores para levar os veículos de volta.


O depósito, de responsabilidade da empresa "Rodando Legal", contratada pelo Detro, não tem circuito interno de câmeras de vigilância. Na rua, também não há câmeras que pudessem ajudar a elucidar o roubo. A investigação nos últimos dias, então, foi baseada principalmente nos depoimentos, mas só hoje os dois seguranças estiveram na delegacia. A empresa alegou à polícia que seu sistema de controle não é informatizado e ainda estava levantando quais veículos tinham sido roubados.

Embora o crime tenha sido na quarta-feira da semana passada, só na última segunda-feira os donos dos veículos ficaram sabendo - quando chegaram ao depósito na expectativa de reaver suas motocicletas, apreendidas em blitze por irregularidades como documentação atrasada. Em nota, o Detro informou que "todos os proprietários que apresentarem a documentação (a mesma exigida para retirada dos veículos) serão ressarcidos pela empresa (a 'Rodando Legal') de eventuais prejuízos".


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