Quarenta presos foram transferidos na manhã deste sábado, de penitenciárias de seis cidades de Santa Catarina para presídios federais, na maior operação do tipo feita em conjunto entre Estado e União. Três dos presos são integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) e os demais 37 fazem parte do Primeiro Grupo Catarinense (PGC).
Os transferidos foram apontados pelas autoridades como responsáveis pela onda de atentados ocorridas no Estado. Eles foram transportados em dois aviões Hércules, que deixaram o Estado neste sábado. Os mesmos aviões haviam trazido ontem os integrantes da Força Nacional de Segurança, que ajudaram na operação. Por questão de segurança, as autoridades ainda não revelaram o Estado dos presídios para onde esses presos foram transferidos.
O anúncio dos resultados da operação foi feito ontem pelo governador Raimundo Colombo (PSD) e pelo ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo. "Estamos quebrando a espinha dorsal do crime organizado", afirmou o governador.
Desde 30 de janeiro, as autoridades contabilizaram 104 ocorrências praticadas sob a orientação de facções criminosas, entre incêndios a ônibus, disparos contra viaturas e bases policiais, entre outros alvos. Uma primeira onda de atentados já havia ocorrido em novembro.
Além da transferência dos presos, as polícias fizeram uma série de operações para cumprir 70 mandados de prisão. Florianópolis e outras 11 cidades foram alvos das operações. Até o fim da manhã, 25 pessoas tinham sido presas, incluindo uma advogada acusada de passar informações aos criminosos e de integrar a facção. Outros 45 mandados foram cumpridos para presos, que foram acusados de dar as ordens para os ataques dentro dos presídios.
A maioria dos presos foi acusada de levar informações do interior dos presídios para as ruas. Cinco são advogados. Simone Gonçalves Vissoto, detida em Campecheno sul da Ilha, Gustavo Gasparino Becker e Francine Bruggenna, presos em São José, na grande Florianópolis, foram acusados de associação o crime organizado. Os demais presos são familiares e amigos dos presos que aproveitavam as visitas para repassar as ordens da facção.
Uma das operações estratégicas ocorreu neste sábado no Morro do Horácio, local onde o traficante Rodrigo da Pedra, considerado um dos principais responsáveis pela crise, domina os negócios. A mulher de Rodolfo, acusada de comandar o tráfico no Morro, alvo principal das buscas, não foi encontrada. Familiares do traficante foram detidos para interrogatório.
O ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, negou que exista a possibilidade de a transferência fortalecer os criminosos e aumentar a rede de contatos deles com outras facções. Em 2010, quando a existência da facção foi assumida em Santa Catarina, 40 presos foram transferidos para presídios federais. Depois eles voltaram para as penitenciárias do Estado. E os ataques passaram a ocorrer. "Não existe nenhuma informação de que presos ampliam seus contatos em presídios federais. Lá eles são isolados e seus contatos são cortados", disse o ministro.