A médica Claudia Soares Alves, presa na quarta-feira (24) em Itumbiara (GO) suspeita de ter sequestrado uma recém-nascida de um hospital de Uberlândia (MG), segue presa após audiência de custódia. Ela está detida no presídio de Orizona.
A informação foi confirmada à reportagem por Vladimir Rezende, advogado de defesa da médica. Ela foi presa em flagrante pela Polícia Civil por sequestro qualificado, por envolver vítima menor de 18 anos. A pena prevista pode chegar a oito anos de prisão.
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Em nota, a defesa da suspeita afirmou que "irá demonstrar em juízo que a acusada é portadora de transtorno afetivo bipolar e no momento dos fatos se encontrava em crise psicótica, não tendo capacidade de discernir a natureza inadequada e/ou ilícita de suas atitudes".
O advogado também encaminhou à reportagem um relatório médico, assinado nesta quarta, que afirma que Claudia Alves está em tratamento psiquiátrico desde março de 2022, e que sua última consulta foi realizada em dezembro de 2023.
O relatório, assinado por Luiz Márcio Lima, afirma que a suspeita apresenta diagnósticos de transtornos afetivo bipolar, de ansiedade generalizada e do pânico.
Também diz que a paciente "apresenta crises recorrentes de humor deprimido, anedonia, desânimo, irritabilidade, insônia e ideação suicida, alternadas por crises recorrentes de elevação de humor", que prejudicam "gravemente seu juízo crítico da realidade e a incapacita temporariamente de compreender a natureza inadequada e/ou ilícita de suas atitudes".
A médica entrou no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia na noite de terça (23) com um crachá da universidade.
A Polícia Civil afirma que a suspeita se passou por pediatra para levar a criança do quarto da mãe. Ela então colocou a bebê em uma mochila e saiu do hospital em um carro vermelho.
A Polícia Militar descobriu o paradeiro do veículo após ele passar por um pedágio no sentido de Centralina (MG), município vizinho a Itumbiara, e acionou as autoridades de Goiás, que prenderam a médica em flagrante e encontraram a recém-nascida em uma clínica médica no município.
A criança já voltou ao hospital de Uberlândia e foi entregue aos pais, que disseram que ela está em bom estado de saúde.
Nas redes sociais, a suspeita afirma ser professora da UFU (Universidade Federal de Uberlândia) e da UEG (Universidade Estadual de Goiás).
Procurada, a UFU diz que a médica é matriculada no curso de doutorado do programa de pós-graduação em ciências da saúde e, recentemente, foi aprovada em concurso público e tomou posse como professora do curso de graduação em medicina da Faculdade de Medicina da UFU. A instituição disse também que tomará de imediato as "necessárias medidas administrativas".
A UEG afirma que Soares pediu exoneração do cargo no início deste mês e não voltaria a dar aulas na instituição.
O Hospital das Clínicas da UFU afirma que iniciou apuração interna das circunstâncias do crime e está colaborando com as investigações.